Rock é Rock Mesmo

Longe do carnaval e dentro do carnival

A melhor maneira de ficar longe do irremediável reinado de Momo é partir para o Psycho Carnival, em Curitiba; mas só indo lá pra saber

Meus amigos, não há mal que não conheça sua cura. Já disse que carnaval não dever ser associado necessariamente ao samba ou a festejos popularescos desagradáveis, e vejam que este ano consegui ficar livre dessa coisa toda, como há muito tempo não fazia. Curti, sim, o carnaval rock’n’roll como nunca tinha visto, muito embora, já tenha até ajudado a difundir. Sim, fui a Curitiba viver quatro dias seguidos de intensas atividades ligadas ao mais from hell e underground dos subgêneros do rock: o psychobilly.

Disse que passei o carnaval sem ter contato com o carnaval e corro o risco de, em plena quina feita pós cinzas, ser surpreendido por uma batucada dos diabos passando aqui em Laranjeiras, esse tradicional reduto da boemia festeira carioca. Porque, ao menos no Rio, o carnaval só acaba no final de semana seguinte. Dizem os além Dutra convictos que aqui a festa é o ano todo; lá é que se trabalha pra gente gastar aqui. Quem me dera, meus amigos, quem me dera. Trabalha-se muito lá e aqui, e digo isso não só por convicção, mas porque conheço gente daqui que foi trabalhar lá, e de lá que veio trabalhar aqui. São unânimes: trabalha-se tanto lá quanto aqui.

Eu próprio sei disso, pois já fui a São Paulo milhares de vezes, tenho muitos amigos lá que são acolhedores e me tratam muito bem. Procuro fazer o mesmo quando os recebo por aqui. Como sempre digo, no lugar dessas bobagens de ficar rivalizando uma coisa com outra, sobretudo num mundo (mais que globalizado) planetário, é preciso não ficar engordando barriga atrás das mesas e ir ao local ver as coisas como elas são. Circulando por onde realmente importa, aos poucos o sujeito acaba se encontrando. Ou, por outra, se achando.

Mas não era isso que eu ia dizer. Falava de Curitiba, onde fui mais uma vez muito bem recebido, e pude, enfim, conhecer o famoso Psycho Carnival, já na sua 11ª edição. Lembro que, ainda em 2003, na quarta edição, citei brevemente o festival, e desde então fiquei na secura de ir até lá e acrescentar mais este ao currículo, entre tantos outros que tive a oportunidade de presenciar de perto, face to face. Lembro que muitas vezes fui ao Campeonato Mineiro de Surf, em Belo Horizonte, e lá os entusiastas do gênero, parente próximo do rockabilly e do psychobilly, diziam que sempre iam a Curitiba durante o Carnaval e se extasiavam, aumentando minha secura. Tive a oportunidade de ir ao Psycho Fest, o outro festival psycho de Curitiba, em 2003, para fazer uma cobertura para a saudosa Rock Press. Lá, também, todos diziam: o Psycho Carnival é que é legal.

E é mesmo, meus amigos. Esse ano foram nada menos que 26 bandas, sendo seis atrações internacionais, para um público que se despencou do Rio, de São Paulo, Londrina e até de Natal e do Belém do Pará, sem falar nos estrangeiros que vão até a cidade todo ano só para curtir o festival. Foi o que me disse o Vlad, guitarrista do Sick Sick Sinners (era do Catalépticos também) e idealizador e produtor do evento. Desde o ano passado, Vlad integra ao festival uma versão local da zombie walk, que, em pleno domingão de carnaval, deságua naquilo que um evento tem de melhor: um show de rock gratuito em praça pública. Famílias inteiras viram um público enzumbizado e uma pequena amostra do que é o psycho em Curitiba.

Apesar da satisfação de ter passado o carnaval longe do carnaval, dentro do carnival – não sei se me faço entender -, não posso me alongar muito aqui, por um motivo nobre. É que fui até lá para fazer a cobertura para a próxima edição da Revista Billboard Brasil, e não posso dar um tiro no pé contando tudo aqui. Não sei se os amigos já perceberam – espero que sim – que a publicação estreou por aqui no final do ano passado e está prestes a chegar ao número 6, agora em março. E que este que voz escreve tem participado com uma materinha aqui, outra acolá. Pois colem lá que o Psycho Carnival 2010 foi devidamente realçado. Demorou, mas abalou.

Até a próxima, e long live rock’n’roll!!!

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