A surpreendente recuperação do thrash metal veio com ótimos discos de grupos medianos e até de bambambãs. Não era o Slayer que iria comer poeira. O quarteto recupera a agressividade desmedida que lhe é peculiar, sem dificultar a audição, em músicas que colam logo de cara, o que não acontecia desde “Seasons In The Abyss” (1990). Os riffs pesados e as evoluções de guitarra de “Snuff” são um belo exemplo de como a equação música extrema mais composição cativante pode ser bem solucionada. Outra artimanha resgatada é a alternância de trechos lentos com outros velocíssimos. É o que acontece em “Beauty Through Order”, que começa com discrição e descamba para a típica agressividade do Slayer, num show particular do batera Dave Lombardo. O disco resgata o Slayer tem de melhor: a tensão proporcionada pelas guitarras para ilustrar o terror descrito em letras que mostram a destruição de tudo e de todos. Assim acontece na faixa-título, na furiosa “Public Display Of Dismemberment” e em “Human Strain”, dona de um riff irresistível. Os guitarristas Kerry King e Jeff Hanneman se superam não só em boas composições e solos endiabrados, mas em arranjos infalíveis que emolduram uma paisagem pesada ao extremo.

Tags desse texto: Billboard Brasil, Slayer