O Homem Baile

No domingo, Metallica premia fãs com repertório renovado

Substituindo nada menos que nove músicas em relação ao repertório do show de sábado, grupo fez a alegria do público que foi ao Morumbi. Fotos (do show de sábado): Marcos Hermes/marcoshermes.com

James Hetfield voltou a 'sentir a troca de energia' com o público brasileiro, ontem, no Morumbi

James Hetfield voltou a 'sentir a troca de energia' com o público brasileiro, ontem, no Morumbi

Com menos da metade do público que lotou o Morumbi na sexta, o Metallica não se fez de rogado e prosseguiu com a variação do repertório que, segundo o batera Lars Ulrich, inclui cerca de 70 músicas prontas para serem sacadas da cartola a cada show. A procura por ingressos foi baixa, e a produção do show liberou o acesso da pista comum para quem tinha comprado bilhete de arquibancada. Se diminuiu (em quantidade) a tal energia da qual o vocalista/guitarrista James Hetfield se referia na véspera, o show ganhou contornos “íntimos” e de momentos inesperados, causados pela expectativa de qual música “das antigas” entraria na noite de ontem.

Kirk Hammett usou uma linha de guitarras com cores esquisitas

Kirk Hammett usou uma linha de guitarras com cores esquisitas

E valeu a pena, se consideramos que nada menos que nove músicas diferentes (metade do set) foram incluídas no show. O quarteto escolhe o repertório nessa turnê como um técnico de futebol europeu escala um time utilizando o elenco disponível de acordo com as necessidades de cada competição. Com a diferença de o Metallica ter muitos mais trunfos, uma verdadeira coleção de clássicos que qualquer fã sempre quis ver/ouvir ao vivo. Caso, por exemplo, de “Fight Fire With Fire”, que substitui “Blackened” com desenvoltura, na qual Hetfield saca mais uma de suas pérolas: “Como vocês se sentem ao estarem vivos?”, perguntou, ao final. Ou da desencravada “Hit The Lights”, tocada no bis, com o grupo atingindo uma velocidade incrível para quem suava a camisa no palco já há duas horas.

O grupo voltou a privilegiar as músicas da era de ouro do thrash, praticamente pulando a fase dos álbuns “Load”/“Reload”/“St. Anger”. O único senão ficou por conta de “Fuel”, que, diga-se de passagem, não comprometeu, em meio a fogaréus espocando em todos os lados. Incluiu, ainda, como no sábado, quatro petardos do excepcional “Death Magnetic”, dessa vez com duas novidades: A nervosa “My Apocalypse”, ultra pesada; e “Cyanide”, que ao vivo mostrou que tem realmente um “quê” de Sepultura, sobretudo na parte mais “dançante”. O grupo brasileiro voltou a receber uma dedicatória em “Sad But True”, e dessa vez, na abertura, sob chuva mansa, retribuiu a gentileza oferecendo “Territories” para os americanos. A rasgação de seda, no entanto, não rendeu frutos práticos: o Sepultura voltou a fazer um show discreto e com volume do equipamento de som flagrantemente inferior ao disponibilizado para o Metallica.

Robert Trujillo é discreto, mas também participa

Robert Trujillo é discreto, mas também participa

Além das mudanças no set list, impressiona a forma como, em boa parte das músicas, o quarteto impinge uma velocidade alucinante, num crescente instrumental de arrepiar que remete direto ao passado do Metallica, fase pré “Black Album”. Em “Fight Fire With Fire”, Kirk Hammett e James Hetfield engrenam um duelo final na frente do palco de arrepiar o mais incrédulo dos fãs; em “One”, o apenas correto Robert Trujillo se junta a eles numa performance verdadeiramente infernal; e na mais-que-clássica “Master Of Puppets” público e banda vão ao delírio com as evoluções de guitarra sobre guitarra que são a cara do thrash metal da Bay Area californiana.

A cover da vez foi “Helpless”, do Diamond Head, que substituiu “Stone Cold Crazy”, do Queen, em relação ao show de sábado, abrindo caminho para “Hit The Lights” e a titular absoluta “Seek And Destroy”, que sela o fim do show. Apesar das alterações no set list, existe uma estrutura que não é mexida, assim como o cerimonial final, que inclui farta distribuição de palhetas e uma fala de cada integrante. A de Lars Ulrich, que tem a palavra final, é animadora: “Três shows no Brasil, um em Porto Alegre e dois em São Paulo, nos deram a certeza de que temos que volta com mais freqüência. Muito Obrigado!”

Para ler a cobertura do show de sábado, clique aqui.

Lars Ulrich: vai uma cervejinha aí?

Lars Ulrich: vai uma cervejinha aí?

Set list completo:

1- Creeping Death
2- Ride The Lightning
3- Fuel
4- Sad But True
5- The Unforgiven
6- That Was Just Your Life
7- The End of The Line
8- Welcome Home (Sanitarium)
9- Cyanide
10- My Apocalypse
11- One
12- Master of Puppets
13- Fight Fire With Fire
14- Nothing Else Matters
15- Enter Sandman
Bis
16- Helpless
17- Hit The Lights
18- Seek and Destroy

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