Rock é Rock Mesmo

Eu também vou polemizar

Por que não se aventurar pelo jornalismo-polêmica? Quem sabe assim, do nada, não é possível, a exemplo de tantos colegas, ganhar um dinheirinho, ficar famosinho e tirar uma ondinha?

Meus amigos, vejam como são as coisas. Eu aqui quieto no meu canto, viajando eventualmente pela web, e, súbito, vejo que preciso falar sobre algo. Leio um post numa comunidade e, impetuoso, começo a responder. Paro. Penso. Apago. Tenho – todos sabem – mais tempo de sala de aula e de shows de rock do que qualquer um que lê esta coluna agora. São três diplomas de curso superior forrando as paredes da minha sala, mas, se fosse colar nelas todos os canhotos de ingressos e credenciais, faltaria alvenaria. Não sou, entretanto, advogado, muito menos de banda, muito menos de banda grande, gigante.

Mas tenho atirado para vários lados. De reles fã, passei a repórter, fotógrafo, jornalista, crítico e o escambau. Estudei, aprendi, frequentei salas de aula e saí formado. Entrevistei, resenhei, viajei, escrevi coluna. De uns tempos pra cá montei site, passei a falar sobre futebol e a escrever até crônicas. Por que não me aventurar pelo jornalismo-polêmica? Tem gente que ganha dinheiro assim, sobretudo na Folha de S. Paulo. Teve um lá que se deu mal e foi demitido em praça pública, ao vivo, textualmente, pelo editor, no próprio jornal. Queria que uma renomada funcionária da Globo morresse. Passou dos limites.

Se lá ele não podia, aqui eu posso. Não é assim na internet? Pois então vamos lá. Não, não quero que o colega morra, nem ele nem ninguém – muito ao contrário. O quero vivíssimo e quero ser como ele: um grande fazedor de polêmicas. Quem sabe assim, do nada, não ganho um dinheirinho, fico famosinho e tiro uma ondinha? Então vamos lá:

Forastieri é chato demais.
É chato por que posa de galã num blog da Igreja Universal.
É chato porque, mesmo balzaquiano, não sabe que preto é a cor do rock.
É chato porque seu nome já teve dias melhores.
É chato porque é muito mal-humorado.
É chato porque não têm nenhuma graça.
É chato porque seus textos são pseudo-polêmicos.
É chato porque é “contra a alegria”.
É chato porque não sabe que o Metallica era extremo há vinte anos.
É chato porque não sabe que o Metallica, hoje, também é pop.
É chato porque também está nessa pela grana.
É chato porque não ouviu (ou não entendeu) o “Death Magnetic”.
É chato porque não percebe a importância de um produtor e não sabe quem produziu o “Black Album”.
É chato porque, mesmo não circulando pelo gênero, adjetiva pejorativamente o heavy metal.
É chato porque não entende a importância dos clichês – embora também os use.
É chato porque não sabe aproveitar polêmicas criadas por músicos – prefere as dele.
É chato porque só curte bandas até lançarem a primeira demo.
É chato porque não sabe que o maior prêmio que o Metallica ganhou foi um vice como “melhor banda de metal”, entregue para o Jethro Tull.
É chato porque é só mais um a achar “Some Kind Of Monster” chato.
É chato porque não lê o bastante para falar que os outros são chatos.
É chato porque não se apercebeu que o heavy metal em si é que é ginasial.
É chato porque não entendeu a New Wave of British Heavy Metal, nem sabe o que veio antes ou depois dela.
É chato porque não se informa direito e não sabe contar.
É chato porque não sabe que metal e música erudita são gêneros afins.
É chato porque despreza o crescimento de uma banda fora da MTV.
É chato porque tem má vontade, de antemão, com o heavy metal.
É chato porque não sabe se divertir num show de rock.
É chato porque está velho.
É chato porque não ficou milionário.
É chato porque reprime o moleque espinhudo, inseguro e rancoroso que existe dentro dele.
É chato porque deve ser broxa.
Não se foda, Forastieri. Não mais.

Até a próxima, e long live rock’n’roll!!!

Comentários enviados

Existem 25 comentários nesse texto.
  1. Ramon em fevereiro 2, 2010 às 11:10
    #1

    Perfeito Bragatto. Perfeito…

  2. renato em fevereiro 2, 2010 às 11:17
    #2

    Assino embaixo, Bragatto. Aquela lista apontando porque o Metallica era chato foi uma das maiores besteiras gratuitas que eu ja vi na vida.
    “É chato por que posa de galã num blog da Igreja Universal.”
    Matou a pau. E quem tem o salário pago por um bispo ainda possui algum resquício de moral para dizer o que é legal e o que é chato?

  3. Lu Arrais em fevereiro 2, 2010 às 11:30
    #3

    O Forastieri é chato mesmo. Mas com esse texto você conseguiu ser bem mais!

  4. André Forastieri em fevereiro 2, 2010 às 11:36
    #4

    Bragatto, obrigado pela propaganda! Você acertou quase todas! Bjs

    André

  5. cfiuza em fevereiro 2, 2010 às 11:44
    #5

    Obrigada, Bragatto! Falou por mim.

  6. flock em fevereiro 2, 2010 às 11:56
    #6

    Quando eu era moleque e botava pilha “em geral” [captou?] existia uma máxima: “respondeu, ficou puto”. O Forastieri deixou esse comentário com pseudo-fairplay, mas lá no fundo ele sabe que o jornalismo-polêmica é o que há de mais ralé na cadeia.

  7. andré em fevereiro 2, 2010 às 12:06
    #7

    Foi-se o tempo que eu gostava do que o Forastieri escrevia. Ele virou cover dele mesmo.

    Matou a pau. E quem tem o salário pago por um bispo ainda possui algum resquício de moral para dizer o que é legal e o que é chato?(2)

  8. Fábio Vanzo em fevereiro 2, 2010 às 12:42
    #8

    Forastieri e Mainardi, os reis da polêmica vazia, à pastel-de-vento.

  9. Cassio RAGNA em fevereiro 2, 2010 às 12:51
    #9

    Brilhante…

  10. Omar em fevereiro 2, 2010 às 13:24
    #10

    Ri muito lendo ambas listas, mas agora estou escutando o audio pirata do show de Córdoba! Foda!

  11. Nigro em fevereiro 2, 2010 às 13:27
    #11

    Excelente texto, parabéns.

  12. Programa Bluga em fevereiro 2, 2010 às 13:36
    #12

    O chato mesmo é que o fela deixa a Conrad, as publicações caem pela metade… Deixa a Pixel, ela fecha. Se ele deixar a blogosfera, cessam as polêmicas? Que absurdo. Que caralhos ele tinha de diferencial na Conrad e na Pixel?! Quem foi a besta que assumiu depois que não conduz o trabalho do sujeito-chato?

  13. FF em fevereiro 2, 2010 às 15:10
    #13

    Ele poderia se dedicar somente à cargos administrativos em editoras e abandonar o jornalismo. Irado!

  14. Wagner Baccaro em fevereiro 2, 2010 às 16:41
    #14

    Sobre o Forastieri, assim “tuitei” certa vez:

    Não consigo entender a importância que dão para ele. Opinião calculada para dar polêmica, sem bom humor, é só chatice. 9:11 AM Dec 14th, 2009 from web in reply to screamyell

    Fico feliz em saber que não sou o único que o considera um mala.

  15. romoreira em fevereiro 2, 2010 às 17:31
    #15

    Não acredito que li isso! E depois o Forastieri é o mal humorado. Vai entender…

  16. Fernanda em fevereiro 2, 2010 às 19:23
    #16

    Vocês dois são chatos. E têm um delicioso humor jornalístico.

  17. Henry em fevereiro 2, 2010 às 19:31
    #17

    Que patrulha, hein?
    Então o Forastieri, jornalista e editor-referência por duas décadas, não pode dizer o que pensa de uma banda? Me poupe.

  18. Hoffmann em fevereiro 2, 2010 às 20:16
    #18

    Fiquei fã!

  19. Dr Godinho em fevereiro 2, 2010 às 20:30
    #19

    Estou esperando até agora a edição #2 da Brasa!

  20. dafne em fevereiro 2, 2010 às 20:33
    #20

    + 1
    É chato porque tem um ressentimento enorme de ter nascido no brasil.

  21. Nara em fevereiro 2, 2010 às 21:43
    #21

    A questão não é dizer o que pensa, assim como alegam os que defendem o Forastieri. A questão é ter um pensamento totalmente distorcido sobre uma banda ou estilo musical que desconhece e publicar como se fosse uma opinião fundamentada em fatos. Em que fato ele ser baseou pra dizer que uma banda é chata por ser fundada pelo baterista? Onde isso faz sentido?

  22. Soturno em fevereiro 3, 2010 às 11:47
    #22

    Eu ri!
    Pois então, Marcos… Acho que a moral da história é que criticar é fácil… Quero ver fazer! Ehhehe

    Bom texto!

    Um abraço

  23. Clau em fevereiro 3, 2010 às 15:51
    #23

    O que esperar de um cara que posta em seu blog que The Killers é a maior banda do planeta! Só asneiras mesmo…

  24. Elaine em fevereiro 5, 2010 às 21:53
    #24

    O Forasta é chato mesmo. Já trabalhei com ele, lá na Conrad, não gostava muito dele não, estava sempre pronto pra contrariar. Mas foi lá que descobri a sua chatice pirada, seu charme “já te vi”, sua alegria mal-humorada, já viu isso? Eu vi. Tá tudo no Forasta, se tiver um sinônimo, ele é o antagônico, é o velho de olho em tudo que é novo, está totalmente antenado. As vezes fala e parece que ri por dentro, é um tipo de mal necessário, sabe? Algo assim que você primeiro não quer, mas depois faz questão de chegar perto, quer saber o que ele está pensando agora, se vai inventar mais alguma, foda, agora eu gosto do cara! Ainda mais depois que li esse texto… o Forasta ficou mais charmoso ainda!

  25. hugo em fevereiro 6, 2010 às 19:40
    #25

    Falou por mim também, Bragatto.
    Parece um yupiezinho enfiado no rock pra falar mal e posar de entendedor. Mesmo nos “bons” tempos ele era chato pra caralho e escrevia mal.

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