Imagem é Tudo

Primal Scream

Riot City Blues Tour
(Coqueiro Verde)

LIB6057 Primal Scream Amaray V5.inddPoucos grupos transitam por tantos caminhos diferentes sem perder a identidade como o Primal Scream. Embora tenha discos fincados em gêneros tão distintos e que registram essas fases, curiosamente o grupo escocês não havia feito sequer um registro ao vivo em vídeo, e optou por fazê-lo justamente na turnê do álbum “Riot City Blues”, que mergulhou o grupo nas raízes do rock’n’roll básico. Mesmo que o repertório do DVD tenha mais da metade das músicas deste disco, no entanto, não rouba do Primal Scream aquilo que lhe é próprio: numa extraordinária capacidade de agregar sua própria história, o grupo, ao vivo, atinge uma sonoridade diferenciada e (até) ecumênica.

As cerca de cinco mil pessoas que lotaram o tradicional Hammersmith Apollo, em Londres, em 2007, sabiam de cor e salteado e cantavam todas as letras do grupo, que pinçou faixas que há tempos não eram tocadas ao vivo, como “Jailbird” (1994) e “Loaded”, do clássico álbum “Screamadelica” (1990), ícone da fase psicodélica do grupo, como se vê num dos 13 clipes que estão nos Extras. No palco, duas cantoras negras com vozes de arrebentar fazem o grupo soar ainda mais como blueseiros de canto de estrada do oeste americano. Elas se destacam sobretudo em “Rocks”, de longe a música mais empolgante feita por Bobby Gillespie e cia., e em “Nitty Gritty” (omitida nos créditos da contracapa), que, incrementada por um arranjo de palco, nem parece ter saído do álbum que deu origem à turnê.

As imagens foram registradas em alta definição e apresentam um show de cores, com ênfase no vermelho e no amarelo, por vezes turbinadas com efeitos estroboscópicos. É o que acontece em “Swastika Eyes”, maior representante da fase eletrônica do Primal Scream, e no final da noite, quando o efeito se mostra interessante também com as guitarras no comando, em “Kick Out The Jams”, do MC5. Embora discretos, alguns solos marcam as guitarras durante o show, caso de “When The Bomb Drops” e “The 99th Floor”, outras duas do “Riot City Blues”, tocadas em sequência e que demonstram uma surpreendente adaptação – repita-se – ao jeito ao vivo de o grupo tocar.

“Rise”, do fraco “Evil Heat”, é outra que cresce no palco, realçando uma veia pop que nem todos haviam percebido; e o teclado é o ator principal em “Burning Wheel”. A entrevista que completa os Extras é mais para constar. Gravada nos bastidores do Apollo, mostra um Bob Gillespie contido e o baixista Mani (egresso do Stone Roses) falando pelos cotovelos, empolgadíssimo com a turnê, que ele torcia para não ter fim. Pode ser esse o segredo que explique o porquê de o Primal Scream manter um público tão fiel e prosseguir ele próprio inovando e buscando ultrapassar seus limites nesse tal de rock’n’roll.

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