Stereologica
Rock distorcido com programações e efeitos marca a estética indie do grupo carioca, que se articula bem nos mundos real e virtual. Foto: Divulgação.
Em uma dessas sextas chuvosas que antecedem a primavera carioca, o facebook deles estava bombando. Mariana Bahia e Roberto Moura não se cansavam de avisar que um EP virtual estava disponível para download no endereço tal. Impregnaram tanto o mural de todo mundo que a coisa funcionou. Hora após hora eles próprios mostravam as parciais: 300, 400, 1000 downloads! E isso em cerca de dez dias, caso a conta deste que vos escreve não esteja errada. Mariana responde pelo nome de Mari B. e Roberto Moura é Roberto Moura mesmo; juntos, eles são a “frontcouple” do Stereologica, duplinha sensação do rock independente carioca.
Carioca modo de dizer, já que, na real, eles vêm de Niterói, cidade anexa à metrópole, de forte tradição roqueira. Foi de lá, por exemplo, que a Fluminense FM mudou o rumo da música brasileira ao injetar guitarras em doses cavalares, há quase 30 anos. Com o Stereologica, Mari e Roberto também têm suas pretensões. Os dois tocam guitarra e agitam um bocado nesse mundinho virtual. Respondem, sozinhos, por uma banda que parece ter um montão de gente tocando. Para isso usam programações, e quando precisam, segundo eles, “de uma bateria mais dinâmica e pesada”, chamam o amigo Rodrigo Martinho. E tem ainda o “ex-membro” Hugo Noguchi no baixo. Sabe aquele ditado de que “ex” é pra sempre? Pois então…
O tal EP, cuja ordem das cinco músicas é aleatória, é, ao mesmo tempo, de uma variedade e de uma singularidade que é um convite pra escutar de novo. Roberto e Mariana dividem também os vocais, ou, ainda, se alternam faixa a faixa. É notável a inspiração no indie rock anos 90, mas a coisa não fica só nisso, não. “A Valsa e o Caos”, por exemplo, é o tipo de música feita para as pistas, com aquele “quê” de anos 80 que toda banda nova renega, mas, de fato, usa. Quem canta nessa, com boa impostação, é Mariana. A música ganhou um clipe dos mais interessantes, feito a partir de um mosaico de expressões e gestos dos três integrantes. Claro, tá no canal deles no youtube.
“Constanza” tem os vocais de Roberto abafados por efeitos que não disfarçam a batida à Strokes, só que totalmente desconstruída. “Gotas de Chuva” é dócil, quase uma bossa, subvertida por guitarras pesadas, pero no mucho. “Você e Eu” é mais rock, com uma guitarrinha minimalista de dar gosto que faz par com o título e verso único, repetido até o fim. “Insula” é a mais identificada com o indie, sobretudo pela alternância entre vocais femininos e masculinos. É também a mais desprovida de recursos eletrônicos, e consequentemente, menos dançante, o que lhe dá um verniz especial. Vai ganhar um clipe cujas cenas foram gravadas numa ousada turnê que o grupo fez no Chile, mês passado. O link? Ah, só quando a duplinha voltar a impregnar o facebook de novo.
O duo stereologico é articulado no mundo real também. Anda sempre ligado em festivais e quer participar do meio, não é de ficar parado, de modo que não é difícil encontrá-los em cima de um palco ou circulando por aí. No ano passado, foi selecionado entre mais de 300 inscritos para a final do Festival B de Banda, do Jornal do Brasil. Dentro do computador, ainda há a página do MySpace.com, o fotolog (Mariana é, ainda por cima, fotógrafa!), twitter e (ufa!) um blog tão desatualizado que ainda mostra uma foto do Kele Okereke, vocalista do Bloc Party, com a camiseta da banda na noite do show do Circo Voador, há mais ou menos um ano. Na certa ele vai tirar onda de que conheceu o Stereologica antes, quando o grupo arrebentar de vez. Será?
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Apesar de me considerar suspeito, porque sempre curti o som dessa galera, vou me repetir…
Parabéns, pessoal! Sucesso!
A banda é boa e vai tocar sábado (14/11) no Espaço Convés, no Arariboia Rock Apresenta
Mais infos no fotolog.com/arariboiarock
Chega lá Bragatto!
Conheço muito o Stereologica, são sangue-bom. Todos os 3, estiveram lá no meu programa na http://www.radiogruta.com
Chato pacas! Curti não!
Pra ser chamado de ruim tem que ralar muito ainda!