Música Que Não Existe

Girlie Hell

Garotas de Goiânia atualizam o bom e velho hard rock fanfarrão dos anos 70; guitarras de saias para macho ficar babando em volta

girliehellCarol, Bullas, Sarah, Kaju e Lola são meninas prendadas. Mas as prendas delas não são aquelas que a sua irmã aprendeu com sua mãe nem outras do tipo que a sua sogra vive dizendo que incutiu nas entranhas da sua esposa. Entre os dotes das cinco fofas estão guitarras, baixo, bateria e uma vontade de subir no palco e chutar o pau da barraca. Elas dizem que não têm papas na línguas; tiram fotos em bares; estão menos para “baby I love you” e mais pra “suck my dick, boy”; menos para o céu e mais para o inferno. Não, elas não estão para brincadeira, e não por acaso, juntas, as cinco formam o Girlie Hell, mistura das duas coisas.

A vontade de subir no palco continua, mas não é que elas já não tenham feito isso. O grupo é novíssimo – de 2008 - e se orgulha de fazer, em média, uns quatro shows por mês, nada mal para o rock independente brasileiro. Elas são daquela que é conhecida como a cidade do rock, também chamada de Goiânia, e, portanto, já têm no passaporte o carimbo dos festivais Bananada, Grito Rock e Vaca Amarela, e está demorando para estrelar o badalado Goiânia Noise. Precisam pegar a estrada o mais rápido que puder porque não dá pra deixar a pepita escondida, ainda mais numa cidade cercada de rock por todos os lados.

Estrada, aliás, é um paradeiro perfeito para o som praticado pelo Girlie Hell. Ouvindo qualquer uma das quatro faixas que estão no MySpace delas, não é difícil imaginar um videoclipe com as cinco maquiadíssimas num carrão conversível atravessando um deserto americano a toda velocidade com os cabelos ao vento e curtindo com machões babando ao redor. Roteiros a parte, o Girlie Hell faz aquele hard rock meio ingênuo dos anos 70 (olhando daqui) e que na época era chamado de rock pauleira. Elas citam Girlschool, Runaways e Joan Jett, e não estão erradas. Poderíamos colocar, na mesma seara, outras bandas comandadas por varões, mas pra que? Let the girls rock!

Não se pode, entretanto, confundir o som das meninas com algo retrô, já que há um “que” de atual que dá um up grade no som a ponto de soar altamente palatável para quem, como elas, mal passou dos das vinte primaveras. Não é preciso bagagem alguma para se deixar levar pelo riff e pelas guitarras contagiantes de “Shake You Ass”. Muito menos para sair por aí saltando e batendo os calcanhares ao som de “Tonight”, que, aliás, tem a ignição de um motor que pode até levar àquele roteiro de clipe sugerido ali em cima. “Get Off”, de refrão chiclete e simplérrima, é outra que não solicita a expressão “iniciados” no currículo – qualquer beócio que ouvir vai sair cantando. Fácil, fácil.

Elas não parecem ser muito dadas à internet, mas têm um site oficial, um fotolog desatualizado (que feio, isso), twitter idem (mais feio ainda), orkut e o escambau. Parece que estavam de férias, como se rock tivesse direito a isso, mas logo você vai ouvir falar delas por aí, mesmo porque não é possível que um som que nem esse deixe de circular. Sarah bastos (vocal), Bullas Attekita e Kaju (guitarras), Lola (baixo) e Carol Pasquali (bateria) são prendadas e vão chutar o pau da sua barraca. E você vai adorar isso. Pode acreditar.

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