Som na Caixa

Ektomorf

What Doesn’t Kill Me…
(AFM/Laser Company)

ektomorfwhatO que parecia impossível aconteceu. Fugindo das amarras de suas origens, o Ektomorf começa a mostrar que existe vida além do Sepultura fase “Roots” e do Soulfly. Explica-se que o grupo húngaro sempre seguiu a risca a formuleta de fazer thrash metal misturado com nu-metal e ritmos regionais dos grupos brasileiros. Por ritmos regionais, no caso deles, entenda-se referências à música cigana do leste europeu, já que Zoltán Farkas, dono do grupo (assim como Max, no Soulfly) e cuja imagem aparece na capa, não nega suas origens.

Em gravadora nova e com os ânimos renovados, o grupo reaparece com um punhado de boas músicas que prometem tirá-lo dos guetos do metal, ampliando a audiência com riffs e refrões colantes. “Rat War”, que abre o CD, por exemplo, traz dois minutos preparados com cuidado para fisgar o ouvinte. É como se a música começasse direto pelo refrão (e começa mesmo) e ele fosse cantado até o final. Registra-se que há tempos Zoltán decidiu só cantar em inglês, e parece ter aprendido a escolher bem as palavras, plasticamente falando.

Mais pra frente é a dobradinha “I Got It All” e “New Life” que dá conta do recado. A primeira viaja até os primórdios do metal alternativo com uma batida à Prong circa início dos anos 90 e outro refrão colante, cheio de groove e com guitarras que menos solam e mais fazem onda. A segunda, cuja produção faz a bateria parecer eletrônica, é tensa e bem identificada com o nu-metal, mas sem cair nos clichês em que o grupo insistia, sobretudo no álbum anterior, “Outcast”. Lenta e pesada, parece que foi maquinada para se bater cabeça nos shows.

As lembranças do metal alternativo aparecem em outras faixas, como na sinistra “Nothing Left”, cheia de distorções e chiados propositalmente manipulados, e em “Revenge to All”, um bate estacas de rachar a cabeça que não dispensa um refrão bem ajustado descambando no final para uma inevitável roda de pogo imaginária, se tocada ao vivo. A parte menos interessante vem no dueto de Zoltán com Lloyd Dana Nelson, do Stuck Mojo, que puxa mais para o rap, muito embora o refrão/palavra de ordem também custe a deixar a cuca do ouvinte em paz.

Urgência talvez seja a palavra que melhor defina este disco do Ektomorf, além da fúria exposta nas letras revoltadas de Zoltán – o título é completado com a frase “makes me stronger”. Somadas as 13 faixas o CD não chega a 40 minutos, sem espaço para solos (são raros), climas ou outras firulas. Gritado e com pegada pesada, o disco parece sair espremido sem pensar muito no formato, que existe por si só. Ainda não é obra-prima do grupo, mas mostra a perspectiva de buscar saídas interessantes e renovadoras para ele próprio.

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