Rock com regionalismo, mas sem batucada
Manacá, Coquetel Acapulco e O Quarto das Cinzas: três revelações do rock nacional apresentadas em 2007. Publicado na Revista Outracoisa número 21, de agosto do mesmo ano.
Não é sempre, mas às vezes aparece uma banda que, do nada, faz a mesma coisa, só que de um jeito diferente. É o caso do Manacá, que recorre às referências à música brasileira, mas sem cair naquele lugar-comum de batucada pra turista que já encheu o saco. Percussão, aliás, a banda nem tem. Traz sua brasilidade no âmago das composições, melodias e harmonias, sem abrir mão de guitarras rascantes que não dissociam o quarteto carioca do rock. O CD demo deles (muito bem apresentado) traz vários hits tocáveis no rádio. Caso de “Diabo”, com refrão pegajoso, “Faca de Ponta” e “Lua Estrela”. E olha que a exuberante versão para “Canto de Ossanha”, de Baden Powell e Vinicius de Moraes, destaque nos shows, ficou de fora. De quebra, a banda traz a atraente vocalista Letícia Persiles – que, se aprimorar o canto, será capaz de encarnar no palco um personagem temático dos mais interessantes, fechado com a proposta da banda. É bola quicando na entrada da área, podem anotar.
Outro caso do “igual, mas diferente” é o Coquetel Acapulco. Mas o negócio, aqui, como sugere o nome, é ska e outros ritmos caribenhos. São oito figuras, incluindo um naipe de metais da pesada e a vocalista Luisa Baeta – mais uma vez, a mulher atuando como diferencial. As quatro músicas deste CD são muito bem engendradas e têm um apelo pop sem par. O curioso é que a melhor delas é justamente “Mundo encantado”, uma porrada arrebenta-assoalho à Skank, cantada pelo guitarrista André Monnerat. Ok, a charmosa “Me deixe saber” vem em segundo. O CD é muito bem produzido, e tem um acabamento gráfico impecável. Se o Chico Neves descobre faz a festa.
Mais vocal feminino? Que tal a de Laya Lopes, d’O Quarto das Cinzas? O grupo cearense se radicou em São Paulo esse ano para dar visibilidade ao trabalho. Trata-se de um pop sombrio e cheio de efeitos (não há baterista na formação), que fazem a cama para Laya. Além dela, tocam na banda o guitarrista Carlos Eduardo Gadelha, que já acompanhou Falcão (aquele mesmo, o rei do brega), Karine Alexandrino, e a banda Groove; e Raphael Haluli, no baixo. “A chave” é o nome do EP deles, com cinco músicas que apresentam um retrato bem homogêneo do grupo.
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