O Homem Baile

Paralamas mistura novidades e sucessos

Em noite de lançamento do novo álbum, “Brasil Afora”, no Canecão, novo repertório não realça tanto; grupo homenageia Michael Jackson, “único e insubstituível”. Foto: Maurício Valladares/Divulgação.

Um Canecão repleto de fãs e amigos famosos recebeu ontem à noite a estréia carioca da turnê do álbum “Brasil Afora”, dos Paralamas do Sucesso. Em cerca de uma hora e meia, o trio – escorado por teclados, saxofone e trombone – apresentou cinco músicas novas, tocou duas covers, homenageou Michael Jackson e levantou o público com 27 músicas de um raro repertório que vence as barreiras do tempo. O show é todo planejado, com efeitos de iluminação própria e fundo de palco simples, que só muda duas vezes, mas, ao receber a projeção das luzes, parece se multiplicar.

Com a bateria deslocada para a lateral do palco, realça a performance do trio. Enquanto Bi Ribeiro mantém o tímido sorriso que lhe é peculiar ao soltar inventivas linhas de baixo, João Barone rouba a cena detonando seu kit com uma naturalidade inacreditável. No centro, Herbert Vianna, dessa vez mais contido, solando pouco, empunha na maior parte do tempo uma guitarra semi-acústica. O show só perde a pegada quando um infeliz set acústico é enxertado no repertório, por sorte com músicas não tão interessantes assim, à exceção de “Uns Dias”, na qual Barone desrespeita o formato e senta a mão pra valer.

Não que o espetáculo comece à toda velocidade. A escolha de músicas menos pungentes – a abertura é com a nova “Sem Mais Adeus” – e a configuração da casa, com mesas espalhadas por todos os lados, tolhem a participação da platéia, que só se soltaria do final. Em relação à turnê anterior, do álbum “Hoje”, a feliz inclusão de “O Beco”, “A Novidade”, e “Vital e Sua Moto” fez grande diferença. Por algum motivo, “Óculos” permanece de fora e faz uma falta terrível, para uma platéia de meia idade - como os músicos – que viram a banda estourar sob a armação vermelha de Herbert – um must na época. Curiosamente, nenhuma faixa de “Hoje” entrou no repertório, e as cinco músicas de “Brasil Afora” praticamente passaram despercebidas.

Além de uma ligeira homenagem a Michael Jackson – “único e insubstituível”, segundo Herbert -, com a intro de “Billie Jean” sendo tocada no início do bis, duas novidades: “Sonífera Ilha”, resquício da turnê que o trio faz com os Titãs, e “O Vencedor”, do Los Hermanos, cantada por João Barone, que desde “Melô do Marinheiro” não soltava a voz. Entre as novas, fica o lamento da omissão justamente da faixa-título do disco, talvez para manter certa coerência com a timidez de Herbert como guitarrista, já que “Brasil Afora” é a mais pesada do CD.

Como era de se esperar, o público se manifesta aos poucos, cantando em “Cuide Bem do Seu Amor” ou vibrando quando Herbert comemora na citação do verso “mas estou vivo!”, durante “Perplexo”. Impossível não fazer a relação com a inacreditável recuperação do músico após o acidente com o ultraleve, em 2001. Em “Uns Dias”, o vocalista pede palmas e é atendido, mas a platéia se solta mesmo é em “Alagados”, emendada na (nem tão dançante) “Uma Brasileira”, que encerram o show. No bis, “Ska” e “Vital e Sua Moto”, com citação a “Every Breath You Take”, do Police, grande referência do início do grupo, encerram num clima bem pra cima. E fica a sensação – de novo – de que 90 minutos de bola rolando é pouco para os Paralamas.

Os Paralamas do Sucesso voltam a tocar hoje, sábado, no Canecão. Mais detalhes aqui

Set list completo

1- Sem Mais Adeus
2- Dos Margaritas
3- Pólvora
4- O Beco
5- Ela Disse Adeus
6- Cuide Bem do Seu Amor
7- Romance Ideal
8- Bora Bora
9- Perplexo
10- Meu Sonho
11- A Lhe Esperar
12- O Calibre
13- Meu Erro
14- Mormaço
15- O Rio Severino
16- Caleidoscópio
17- Uns Dias
18- O Vencedor
19- A Novidade
20- Quanto ao Tempo
21- Lourinha Bombril
22- Alagados
23- Uma Brasileira
Bis
24- Lanterna dos Afogados
25- Sonífera Ilha
26- Ska
27- Vital e Sua Moto

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Comentários enviados

Existem 6 comentários nesse texto.
  1. Rafael Michalawski em junho 27, 2009 às 17:19
    #1

    Infeliz eh quem escreveu essa matéria e criticou o set acústico do meio do show, que traz à tona O Rio Severino em medley com Mormaço, uma verdadeira pérola ….

  2. Rafael Michalawski em junho 27, 2009 às 17:23
    #2

    Ah, quanto as críticas à iluminação e ao pano de fundo do palco, acho que o jornalista deveria se informar melhor antes de criticar. O pano foi feito à mão por Zé Carratu com ilustrações da cultura popular de vários locais do Brasil, totalmente condizente com a temática e o título do novo CD.

  3. Marcos Bragatto em junho 27, 2009 às 18:23
    #3

    Onde você leu críticas à iluminação e ao pano de fundo, meu caro Rafael?

  4. Rafael Michalawski em junho 27, 2009 às 20:32
    #4

    Realmente entendi errado as críticas quanto à iluminação e ao pano de fundo ….. Aceite minhas desculpas e caso julgue justo, por favor retire este comentário infeliz que eu fiz por mal entendimento do texto ….
    Mais uma vez, me desculpe pelo ocorrido
    Rafael

  5. Marcos Bragatto em junho 28, 2009 às 11:05
    #5

    Valeu, Rafael! Continue participando.

    Um abraço!

  6. Aline em julho 7, 2009 às 21:45
    #6

    Adorei o show, muito bom! Me acabei de dançar! Paralamas arrebentaram!

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