Som na Caixa

White Lies

To Lose My Life…
(Universal)

whiteliestoloseÉ curioso como já estão surgindo bandas do rock pós 00 que estão buscando referências no próprio rock pós 00. É o caso do White Lies, embora haja muito mais coisa embutida no som do grupo britânico, que a bem da verdade já tem cinco anos de estrada, mas só agora chega ao disco de estreia. Ao “mais coisa” entenda-se, claro, anos 80 – fonte lugar comum nessa geração – na sua face mais sombria, patrocinada pelo Joy Division; e por “próprio rock pós 00”, a porção dançante, quase brega do Killers.

Os temas abordados nas letras (a faixa de abertura se chama “Death”) e a voz de Harry McVeigh dão o tom do pós/positive punk que permeia o disco, e os teclados tocados pelo mesmo Harry fazem o contraponto que sustentam o som simples, mas com certa pompa, achado no disco. Seria exagero cravar um cruzamento de Duran Duran com Joy Division e Ian Curtis no lugar de Simon Le Bon, mas é mais ou menos por aí. Assim é a dançante “A Place to Hide” ou ainda “To Lose My Life”. Mas é a já citada “Death” o hit do disco, que bem sintetiza o inusitado proposto pelo White Lies.

Já o órgão clérigo de “Unfinished Business”, se sugere mais melancolia, é cortado por um vocal bem mais alto que não lhe retira o conteúdo dramático, mas confirma a tendência do grupo de se colocar no lado escuro, mesmo que o andamento da música peça diversão. “E.S.T.” é outra rica em densidade e que transita entre a loucura e a sanidade, o medo e alegria. A música apresenta um crescente contagiante como acontece em “Death”, soando como elemento libertador, um desafogo do sufoco proporcionado por ela própria (cortesia de baixo e teclado deprês) e pelo disco como um todo. Nada que supere as cavernices de um Sisters Of Mercy, mas que fornece o mesmo às novas gerações. “Espero que você se lembre de mim / Nunca finja pra mim”, diz o refrão.

A música que, no entanto, melhor identifica o White Lies “way os sound” é seguramente “Farewell to the Fairground”, com refrão colante e batida dançante, para nenhum fã de Killers botar defeito. Não que os elementos sombrios não compareçam, mas eles ajudam a moldar o efeito “luz no fim do túnel” jamais proposto no pós punk, e que aqui soa natural, óbvio até. Por fim, o cortante violino de “The Price of Love” fecha o álbum – curto como nos 80’s – num tom de esperança a combinar com a dicotomia depressão/euforia que no fim das contas pode até sintetizar essa bela estréia do White Lies. Diferentemente de seus pares, o grupo deixa pistas de que pode evoluir, e por vários caminhos. Te cuida Killers!

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