Som na Caixa

Depeche Mode

Sounds Of The Universe
(EMI)

depechesoundsManter-se relevante no mercado com quase trinta anos de estrada não é tarefa fácil nem para artistas consagrados como o Depeche Mode. A banda é referência para várias tendências do rock contemporâneo, e tenta, nesse “Sounds Of The Universe” ser ela própria influente nos dias de hoje. Embora o título remeta diretamente ao hoje clássico “Music For The Masses” (1987), musicalmente o grupo britânico reaparece, quatro anos após o último lançamento, mais obscuro e menos orgânico.

Se no passado as programações de bateria se ocupavam quase todo o tempo em reproduzir o som de um set acústico, agora as batidas eletrônicas suaves permeiam o disco, embora haja exceções como em “Fragile Tension” ou na colante “In Sympathy”, por exemplo. Há também pouca urgência nas 13 músicas, passando um clima “cool” ao mesmo tempo carregado que remete – aí, sim – ao pós punk oitentista, quando a expressão/cultura “dark” dominou o mundo da música pop. Não soa, entretanto, revivalista, apesar de os recursos de hoje permitirem experimentações não absorvidas pelo trio – o que em alguns casos pode ser uma boa decisão.

Uma das melhores músicas do disco, “Peace”, não por acaso, é a também a mais dançante e que tem as programações mais bem sacadas, trazendo de volta, aí sim, os anos 80, mas com um certo up grade que não deixa o arranjo com sotaque retrô. Ela faz coro com “Come Back”, bem na meiúca do disco. Essa sim, dotada de uma indispensável tensão, típica de outras fases do Depeche Mode. Dave Gahan solta a voz com força, mas, também, revelando aquela agonia que Ian Curtis tão bem sintetizava numa canção deprê. Juntas, as duas formam o melhor momento de “Sounds Of The Universe”.

Outra das boas e que também já deve estar se criando nas pistas de dança é “Miles Away/The Truth Is”. Não só porque remete ao próprio grupo em outra de suas fases, mas porque cativa pela linha vocal de Gahan e carrega efeitos certeiros, assim como a cadenciada marcação eletrônica. É a música que bem poderia encerrar o CD em grande estilo. Um disco, no fim das contas, linear, com poucas variações entre as músicas e que, por isso mesmo, pouco se conecta com a própria história do Depeche Mode. E, ainda assim, não demonstra um caminho a ser percorrido no futuro. Ou seja, ficou devendo.

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