Música Que Não Existe

O Garfo

Instrumental pesado e nervoso é o que faz esse trio de Fortaleza, que habita com propriedade o mundo virtual. Foto: Natalia Kataoka/Divulgação

o-garfoEles dizem que estão meio parados, mas nem parece. Sim, segundo consta, o garfo está na geladeira. Ou pelo menos estava, já que, ontem, um e-mail foi espalhado aos quatro cantos do mundo virtual dizendo que eles estão é lançando um single, com o curioso título de “Alpa Tino” – assim mesmo, separado – pelo pioneiro selo carioca Midsummer Madness. Vai ver que, no calor da cidade onde Vitor Colares (guitarra), Felipe Gurgel (baixo) e João Victor (bateria) moram, “estar na geladeira” pode ser uma boa, uma gíria talvez, vai saber.

Reparou que apalavra “vocal” não apareceu dentro de nenhum dos parênteses ali em cima? Sim, trata-se um trio totalmente instrumental e que, antes de entrar numa fria, já recebeu elogios de muita gente boa. O conectado Bruno Nogueira, do Pop Up, de Recife, por exemplo, não perdeu tempo e logo associou as garfadas musicais do trio ao Macaco Bong, revelação da música independente nacional, e ainda colocou as duas “num patamar de qualidade muito superior”. Já Dellano Rios, do Diário do Nordeste, viu “um som instrumental, meso-eletrônico/meso-humano, que se aproxima do rock industrial do Nine Inch Nails”. Carácoles!

Não é por acaso que dois cabras lá do Nordeste têm opiniões reproduzidas na página d’O Garfo no MySpace.com. A tal cidade acalorada de onde vem os rapazes é Fortaleza, mas bem que poderia ser qualquer canto do mundo, a julgar pela universalidade da música produzida pelos três talheres. Se ajuda, vale ressalvar que, antes de montar o grupo, há cerca de dois anos, Vitor Colares era só o guitarrista do Fóssil (grupo de instrumental torturante) e 2Fuzz, onde João Victor também continua, como vocalista e guitarrista; e Felipe Gurgel (hoje jornalista e assessor de imprensa) era baixista do Café Colômbia. Tudo junto, ao mesmo tempo e agora.

Junto com as quatro músicas disponibilizadas, entre elas uma versão ao vivo da mesma “Alpa Tino”, os rapazes lançam olhares sobre a música deles mesmos. Na busca da autodefinição, chegam a expressões de fazer inveja a bambambans da crônica musical. Música transgênica, stoner-pop, post-eletro e pré-future são só algumas delas, no fundo, especulações não confirmadas. Instrumental nervoso que é pesado, flerta com o indie e o pós punk e tem base sólida no tal “rock de verdade”. Deu pra entender? Não? Então só indo lá pra ouvir. Em todo caso, adianta-se que uma das mais legais sé “Frank Einstein”, cujo título é emprestado ao nome de um prometido álbum de estreia (“A Cria de Frank Einstein”) que nunca sai.

Voltando aos assessórios da cozedura, antes de entrar numa gelada O Garfo rodou um bocado. Foi um dos cinco finalistas da Seletiva do Abril Pro Rock de 2008, dando poeira em mais de 100 bandas do Nordeste; participou do III Festival Se Rasgum, no Pará; e das edições do Festival Nordeste Independente em Natal e João Pessoa. E isso sem falar no locais Grito Rock Fortaleza, Rock-Cordel, Forcaos e BNB de Música Instrumental. Vamos lá, Garfo, pára de ficar escrevendo mensagens no twitter e sai logo dessa geladeira!

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Comentários enviados

Existem 2 comentários nesse texto.
  1. vitor colares em junho 16, 2009 às 18:27
    #1

    Valeu Marcos, obrigado pelo retrato feito d’O Garfo.
    Mais em breve…

  2. Felipe Gurgel em setembro 22, 2009 às 22:20
    #2

    Já existimos na vida real também. O EP está à venda nos shows e em breve o Lariú deve te entregar um. Abraço!

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