No Mundo do Rock

Ex-bola da vez, Reação em Cadeia reaparece com DVD

Depois de ser apontado como “fenômeno pop” e não ter correspondido às expectativas do mercado, grupo gaúcho tenta reencontrar seu próprio ritmo. Foto: Marcelo Nunes/Divulgação.

O Reação decidiu investir num projeto de DVD ao vivo por conta própria, depois encampado pela EMI

O Reação decidiu investir num projeto de DVD ao vivo por conta própria, depois encampado pela EMI

No universo da música pop a expressão “bola da vez” sempre foi usada para apontar o próximo artista a fazer sucesso no mercado fonográfico. Jonathan Correa ouviu dizerem isso várias vezes sobre sua banda, mas nunca viu o sucesso chegar. Ao menos não tão grande quanto previam os entendidos. A última vez que isso aconteceu foi na gravação do álbum “Febre Confessional”, em 2006, pela Deckdisc, gravadora que vinha consolidando a fama de impulsionar novas bandas do rock nacional para o estrelato – vide Pitty, Cachorro Grande e Matanza. Com o Reação em Cadeia a coisa não aconteceu, e o grupo reaparece no mercado com o CD/DVD “Nada Ópera? – Ao Vivo em Porto Alegre”, dessa vez lançado pela gigante EMI.

Finado o contrato com Deckdisc, Jonathan e seus acólitos ficaram meio sem saber para onde ir. “Queríamos fazer um DVD que ao mesmo tempo fosse interessante pra nós, mostrando alguma coisa diferente, e pegasse a banda na estrada. Então nesse tempo todo fomos experimentando coisas, até gravar em 2008”, conta o vocalista e guitarrista, justificando a ausência no mercado. Além dele, estão hoje no Reação Daniel Jeffman (guitarra), Maurício Faria (baixo) e Vini Bondan (bateria).

No repertório do show, nada menos que oito músicas são do álbum “Neural”, de 2002, época em que o grupo, nascido na pequena Novo Hamburgo, fazia turnês pelo interior do Rio Grande do Sul chamando a atenção pelo número de fãs que arrebanhava. Era uma das únicas bandas brasileiras a investir pesado no pós grunge que, nos Estados Unidos, consagrou nomes como Creed, Matchbox Twenty, Pudle Of Mudd e Nickelback. Não foram poucos os que imaginaram que era hora de o Reação conquistar o Brasil.

Até Jonathan, que, de outro lado, sentiu. “Isso acabou colocando uma pressão na gente pra tentar realmente cumprir com que essa coisa acontecesse. Se for pra acontecer, legal, é o que a gente quer, mostrar o nosso som para o país inteiro”. Como não rolou, o grupo agora procura reencontrar o próprio ritmo de trabalho. Ou, como diz o vocalista, “a nossa própria pressão”. No DVD, “Febre Confessional”, o disco que “era pra ser, mas não foi”, comparece só com duas músicas, justamente por não ter sido bem compreendido pelos fãs “das antigas”, na opinião de Jonathan. “Nós lançamos dois discos (‘Neural’ e ‘Resto’), e fizemos muitos shows. Quando veio o terceiro, éramos chamados de ‘fenômeno pop’, e a galera que curte o nosso som não entendeu o disco”.

De novidade o show gravado no lendário Bar Ocidente, em Porto Alegre, tem três músicas inéditas. Uma delas, “Vivendo e Aprendendo”, foi incluída por puro acaso. “Ela não tava programada, não tinha sido ensaiada nem nada. Teve uma pausa no meio do show, numa troca de som e eu toquei a música, que acabou entrando”, conta Jonathan. Tanto ela quanto “Serenade”, outra inédita, foram compostas quando Jonathan tinha 18 anos, antes mesmo de o Reação existir. A terceira desconhecida do público é “Afaste-se de Mim”, mas esta é sobra do – bom álbum, diga-se - “Febre Confessional”.

O disco gravado com a Deckdisc não rendeu como se esperava, mas ao menos foi durante as gravações dele, no estúdio AR, no Rio, que Jonathan conheceu Vitor Kelly, da EMI. O diretor artístico viria a se interessar no projeto do DVD. “Quando gravamos a parada toda falamos com ele, e no meio do processo de mixagem eles abraçaram a causa e terminaram tudo, ajudaram na finalização do DVD e lançaram”, explica Jonathan. A parceria pode render, dependendo do desempenho do DVD, um álbum de inéditas no futuro? “Tá rolando essa conversa”, responde o vocalista, “vai ser uma honra gravar na casa onde o Legião (Urbana) gravou. É uma banda que eu cresci ouvindo e que me inspirou muito”.

Se assim como o futebol, o mundo pop é uma caixinha de surpresas, quem sabe agora, sem as pressões do mercado, esse “Nada Ópera” não resgata o Reação e um novo álbum não o jogue para as massas? Ou, por outra, talvez a banda encontre seu ritmo próprio, num mundo onde cada vez menos se fala da tal “bola da vez”.

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Hugo Morais em junho 9, 2009 às 19:05
    #1

    Tocaram no MADA aqui em Natal como surpresa, nos tempos internéticos eu nunca tinha ouvido falar, mas muitos cantavam em frente ao palco. Depois sumiu, assim como quase todas as bandas cariocas que tocaram por aqui. Melhor ficar no limbo mesmo.

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