Banks
Fundado por ex-integrantes de bandas do underground curitibano, grupo faz a sugerida ponte entre os anos 80 e o novo rock. Foto: Reprodução orkut/Divulgação.
A década de 00 já está chegando ao fim e não é exagero dizer que o novo rock que nela se estabeleceu saiu de vinte anos atrás. Natural, então, que aqueles grupos que desde sempre tinham como fonte de inspiração o pós punk oitentista descobrissem certa identificação com essa nova turma. Ou seja, quem gosta do tecnopop vê sua imagem refletida no Killers, e o fã de The National passa a ser amigo de longa data do Joy Division, só pra ficarmos com dois hipotéticos exemplos.
Na prática, eis que uma banda curitibana nasceu fundindo justamente esses subgêneros do rock tão semelhantes, embora separados por duas décadas, segundo o tal do Gregório. Foi no ano passado que músicos que já tinham uma história na cidade, em geral conectada esteticamente ao pós punk, decidiram fazer um up grade de uma época para a outra. Eles tocavam em grupos de projeção local como Zigurate, Poléxia e Hidráulica; são fãs de Joy Division, Echo And The Bunnymen e Cure; viraram os ouvidos para Interpol, She Wants Revenge e Editors; e (ufa!) assim nasceu o Banks – cuja referência a um certo Paul, que gasta a voz no Interpol, não é mera coincidência.
O Banks é formado por Handerson Banks (vocais), Neto Magalhães e Rômulo Machado (guitarras), Fábio Banks (guitarra/baixo) e Juninho Jr. (bateria). Mas o grupo tem também um sexto elemento, o produtor Paulo Dalla Stella, que ainda é quem escreve as histórias contadas nas músicas dos rapazes. Eles não são tão bem articulados assim no mundo virtual, mas na página do MySpace.com há quatro músicas que dão uma idéia da coisa. Tem também a entrega em domicílio via e-mail que o Paulo faz para os mais chegados, com direito a uma música a mais.
E as músicas são boas. “Você Prometeu”, por exemplo, tem tudo para ser o carro chefe do Banks. É intensa, agitada, dançante e talvez a que melhor encarna o espírito 80 envernizado de século 21. A música promete e cumpre a proposta deles. Seguindo a mesma esteira, “Tu” é outra que chama para as pistas, ajudada pela repetição de palavras no início dos versos. Homenagem à cidade natal, “Curitiba” fecha a trinca que melhor identifica o Banks com um sotaque pop que beira o irresistível.
Aí é que a coisa muda e começam a aparecer referências à nova mpb de Los Hermanos e que tais. É o caso de “Fantasmas”, que acaba colando nos ouvidos por conta do verso/refrão “eu só peço pro fracasso: vá embora!”, numa espécie de exorcismo cruel dos projetos passados. Ela é parente de “Atos Falhos” (essa não tá no MySpace), que apela para um monocórdico approach semi-acústico que pouco acrescenta, embora tenha lá um “quê” de sensibilidade. Nada que deprecie o chamado “conjunto da obra”, afinal, de acordo com o poeta, a vida é de atos falhos.
Não há registros de uma atividade intensa do Banks, seja no mundo virtual ou no real. Mas, segundo reza a lenda pop, bandas que surgem em final de uma década só vão ganhar reconhecimento na seguinte. Se assim for, que nossos curitibanos atemporais consigam se lançar nessa estrada. Décadas, para eles, como se vê, não representa um grande problema.
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Eu adoro a Banks e acho uma óima banda