Música Que Não Existe

Reverba Trio

Demanda de trilhas sonoras para o movimentado cinema gaúcho faz nascer uma bela banda de surf music nos pampas. Foto: MySpace.com/Divulgação.

reverbatrioEsta não é uma seção de cinema, mas você saberia responder o que os filmes “Wood & Stock” e “O Caso do Cantor Desaparecido” têm em comum? Se você cogitou algo que tenha a ver com a trilha sonora do longa de animação e do curta-metragem, chegou perto da resposta. É que o guitarrista gaúcho Julio Cascaes esteve envolvido em ambas, fosse fazendo os temas incidentais para as viagens psicodélicas dos hippie velhos de Angeli, ou a trilha propriamente dita para o filme de Rafael Rodrigues. A coisa foi dando tão certo que Julio montou a banda Reverba Trio, junto com Felipe Grimm (baixo) e outro Julio, o Sasquatt (também Blackbirds), nas baquetas, basicamente para atender aos pedidos de novas trilhas.

O início não foi bem assim. Cascaes gravou sozinho uma demo chamada “Reverba”, que dava nome também ao projeto, em 2006. Mesmo sendo músico desde os anos 80, pagava as contas em estúdios de gravação, chegando a produzir e gravar mais de 60 trilhas para spots comerciais e jingles. Com a guitarra em punho, participou dos três álbuns de sua banda, o trio Hipnóticos, e ainda gravou cinco músicas no álbum “Plastic Soda”, do doidão Jupiter Apple - ou Maçã, se você preferir o produto nacional. Como produtor trabalhou com Replicantes e sua derivação mais famosa, o cantor punk brega Wander Wildner.

Demo na mão, músicas nas salas de cinema, só faltava montar a banda e fazer shows, o que passou a acontecer em novembro de 2007, com a criação do Reverba Trio. O nome entrega que o som praticado pelos rapazes é surf music, mas se engana quem pensar naquela criada por Dick Dale lá nos anos 50, ou no revival que assombrou o rock independente americano na década de 90, via “Pulp Fiction”. E nem pensar nas bandas australianas dos anos 80 que são mais “músicas ouvidas por surfistas” do que surf music em si. O Reverba Trio faz uma música instrumental calcada na surf music de raiz, sim, mas cheia de referências a outros gêneros que se prestam à execução instrumental, como bolero, música regional do oriente médio, caribenha e latina de um modo geral, e, claro, trilhas de filmes clássicos.

Os três xirus não são lá muito articulados no mundo virtual, tanto que não têm um site próprio, e usam “só” a página da banda no MySpace.com para divulgar as músicas – que, diga-se, foram ouvidas pouquíssimas vezes. Mas e daí? Pior pra quem não se encantou com “Brooklyn”, a épica “Onde Estará Wander?”, e a surf-reggae nervosa “Alerta”. Em julho, eles vão tocar fora do Rio Grande do Sul, como uma das atrações do festival PIB - Produto Instrumental Bruto, em São Paulo. E podem anotar que não demora muito para o trio desembarcar em Belo Horizonte, onde anualmente acontece o Campeonato Mineiro de Surfe, maior festival do gênero no Brasil.

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