O Homem Baile

Oasis arrebata público carioca

Em exibição de gala, grupo britânico iniciou ontem a turnê pelo Brasil; fãs cantaram tudo do início ao fim, não só os grandes sucessos. Fotos: M. Tinoco/Divulgação

Gem Archer, Andy Bell e Liam Gallagher quase nos braços da multidão

Gem Archer, Andy Bell e Liam Gallagher quase nos braços da multidão

O desavisado que chegasse atrasado ao show do Oasis, ontem, no Citibank Hall, no Rio, poderia pensar que o espetáculo já estivesse em seu fim, dada a vibração das 8400 pessoas que lotaram a casa – coisa rara para bandas de rock nos últimos tempos. “Rock & Roll Star” foi a escolha precisa para abrir um show cheio de grandes hits, num total de 20 músicas em cerca de uma hora e quarenta minutos. E nem precisou muito apelo. Com um discreto “olá” e as mãos enfiadas nos bolsos de uma batina/capa de chuva, Liam Gallagher comandou o público sobre um palco simples com bateria no chão e poucos efeitos de luz, enquanto o brother Noel lamentou os mais de oito anos de ausência do Rio.

No repertório, o mesmo de toda a turnê pela América do Sul, cinco músicas do disco mais recente, “Dig Out Your Soul”. Entre elas, “I’m Out Of Time” foi a que arrancou aplausos pela interpretação arrojada de Liam. Mas “Waiting For The Rapture”, na qual Noel apresenta apenas os dois novos integrantes (Chris Sharrock e Jay Darlington, baterista e tecladista) sem dizer o nome, é ele quem se destaca, fazendo grandes solos durante a música, e, sobretudo no final, num crescente de arrepiar. Foi essa a tônica do show: em quase todas a guitarra de Noel Gallagher evoluía brilhantemente no final. A ordem das músicas é planejada de modo que Liam possa dar uma saída para descansar a voz, quando Noel assume a cantoria. E, também, alternando os grandes hits com os sucessos, digamos, mais comuns, já que tudo é cantado pela platéia na ponta da língua.

Noel Gallagher cantou e fez solos sensacionais

Noel Gallagher cantou e fez solos sensacionais

Ao final de “What’s The Story (Morning Glory)”, por exemplo, Liam chega dizer que o público “explodiu” sua cabeça, por conta do entusiasmo com que todos acompanharam a canção. Se consideramos que o Oasis tem tocado em grandes arenas e estádios nessa turnê, o show de ontem foi quase uma festa íntima. Dá até para escutar, em pequenos intervalos menos barulhentos, o público pedir por em vão por “Live Forever”, “a que eles nunca tocam”. Mas tocaram, sim, a melódica “Wonderwall”, com direito a um discreto “parabéns” de Liam no final, e “Supersonic”, que encerrou a primeira parte do show. A música reforça como estava alto o som do Citibank Hall ontem, o que ajudou a salientar os belos solos de Noel e revelou um baterista econômico, mas endiabrado.

Não é possível saber, entretanto, se os Gallaghers estão se divertindo tanto quanto a platéia está gostando do show. Não é que eles sejam antipáticos; são ingleses na mais pura tradução que o gentílico pode ter. Há um ou outro agradecimento, mas difícil ver Liam, ou ao menos Noel, o menos sisudo, esboçar um sorriso. Mesmo quando brinca ao dizer que o tecladista figuraça na verdade é o Cristo Redentor que desceu do Corcovado, o guitarrista não abre a guarda. Liam faz alguns gestos de “papo firme” com o polegar apontado para cima, recebe duas bandeiras, uma do Flamengo, que dobra e guarda como quem vai levar pra casa, e outra do Brasil, com a qual cobre a cabeça no final do show, antes de ser o primeiro a pular fora.

Liam Gallagher mantém a mesma postura durante quase todo o show

Liam Gallagher mantém a mesma postura durante quase todo o show

Como manda o bom senso, a lentinha “Don Look Back In Anger”, só com duas guitarras semi-acústicas, climatizou o público com muita emoção no início do bis. Gem Archer foi encarregado de fazer o solo (o único dele na noite), enquanto Noel marcava o andamento da música, um dos momentos mais belos de toda a noite. A fraca “Fallin’ Down”, outra das novas, fez figuração para a dobradinha “Champagne Supernova” e “I Am The Walrus” fecharem a noite. Nessa última, Noel dá show solando e aplicando distorções em sua guitarra, ajustando as borboletas e infernizando os ouvidos com a pedaleira. No final, é o último a sair, agradecendo e mandando beijos, enquanto a guitarra continua a gemer alto. E ainda tinha gente gritando “Live Forever”…

Na abertura, o Cachorro Grande soube cativar o público com um volume altíssimo, e fazendo elogios ao Oasis a cada intervalo. De quebra, ainda chamou Samuel Rosa, do Skank, para mandar dois covers dos Beatles que levantaram a massa. Agradou geral, mas será que os Gallaghers gostaram?

O Oasis toca no sábado, na Arena Skol Anhembi, em São Paulo, e domingo, no Expotrade, em Curitiba. O último show acontece na terça, dia 12, no Gigantinho, em Porto Alegre. Mais detalhes aqui.

Set list completo:

1- Fuckin’ in the Bushes
2- Rock’n’Roll Star
3- Lyla
4- The Shock of the Lightning
5- Cigarettes & Alcohol
6- The Meaning of Soul
7- To Be Where There’s Life
8- Waiting for the Rapture
9- The Masterplan
10- Songbird
11- Slide Away
12- Morning Glory
13- Ain’t Got Nothin’
14- The Importance of Being Idle
15- I’m Outta Time
16- Wonderwall
17- Supersonic
Bis
18- Don’t Look Back in Anger
19- Falling Down
20- Champagne Supernova
21- I Am the Walrus

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