Música Que Não Existe

Besouro Zorah

Compre um cartão de apresentação, coloque a senha no computador, baixe o disco e divirta-se

besourocapaO Besouro Zorah apareceu para o mundo do rock quando participou, em 2005, do festival virtual Oi Tem Peixe na Rede. Participou, não, foi classificado entre as três primeiras bandas, num universo de quase 900 inscritos – não é mole, não. Só que, na finalíssima, disputada em carne e osso no Teatro Odisséia, no Rio, teve que encarar a fúria do Luxuria (ainda existe?) e o Canastra, espécie de unanimidade na época, que faturou o primeiro lugar. Não deu para o Besouro. Também, pouco importou, uma vez que a Sony, parceira do festival, deixou de cumprir a parte dela e não lançou o disco do vencedor.

Em 2006, o Besouro Zorah participou do Humaitá Pra Peixe e teve certa repercussão na mídia, incluindo palavras elogiosas do legionário Dado Villa-Lobos, que andou produzindo umas faixas em seu estúdio, e de Arthur Dapieve, d’O Globo. Passaram-se três anos, e onde foi parar o Besouro? Na internet, claro. O grupo aparece no MySpace.com, num site próprio, tão bem transado que é difícil até pra navegar, e – eis o que interessa – num portal de downloads.

Funciona assim. O sujeito compra (ou ganha se for amigo do cara) um cartão de visitas que vem com uma senha que dá acesso ao download de um álbum inteiro. No caso do Besouro Zorah, o “disco” vem com 13 faixas + 3 bônus. No cartão, além da senha, tem também o nome de todas as músicas e a arte do “CD”, caso um dia ele venha a existir. Chama-se “Abrindo as Portas do Hospício” o trabalho do Besouro, e a tal arte é essa aí em cima, uma série de rabiscos em folha de caderno pautado que representa a fachada de uma casa de loucos – aí cada um é que escolhe em qual sentido.

Bem, Besouro Zorah é o projeto por trás de Bruno Falcão, que obviamente faz de tudo um pouco: canta, toca guitarra, teclado… As informações mais recentes dão conta de que hoje a banda é completada por Ricardo Pimentel (baixo, piano e guitarra) e Mario Gennari (bateria), mas vai saber… Nos créditos do site de downloads aparece Humberto Barros como produtor e “piano fodão”, além da participação de Pimentel somente em duas músicas.

O que importa é o rock porra-louca que o Besouro apresenta, calcado em guitarras pesadas - mas pop ao mesmo tempo – e letras longe do lugar comum do relacionamento cotidiano, um repertório diferente no rock nacional – para o bem ou para o mal. Não é qualquer um que publica o impublicável, como na ótima “O Botão”, ou ainda em “Esquina da Solidão”, estrelada por gente com “cara de bunda”. Só que não é assim o disco todo. Às vezes o peso se esvai e fica um vocalista apenas razoável que o esporro da melhor parte do material ajuda a disfarçar.

A mais escutada o MySpace.com é a boa “O Pensador”. Vai lá dar uma ouvida. E quem quiser ainda pode encontrar com o próprio besouro Bruno, em pessoa, no tradicional Empório, em Ipanema, onde ele discoteca nos finais de semana. O som? Só rock’n’roll, claro.

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