Fazendo História

Release
Rabugentos: Caldeirão Sonoro Que Vem das Ruas

Release feito para apresentar o grupo carioca, que, em abril de 2002, lançava o CD Demo “Tamo Chegando!!!”.

Se da metade da década de 90 para cá nenhuma grande transformação aconteceu no mundo da música, por outro lado nunca se experimentou tanto como agora. Da inegável participação mais constante da música eletrônica, ao retorno a certas raízes do rock, muito se fez em nome da diversidade, num caldeirão de referências de não caber no modo de fazer dos livros de receita. Até porque nunca uma receita foi tão dispensável.

E é desse caldeirão que transborda o caldo do Rabugentos, banda que começou a se esboçar já em 96, e que agora lança o CD demo “Tamo Chegando!!!”. Demo sim, mas que desfruta de uma qualidade de produção, a cargo da própria banda, às vezes não encontrada em trabalhos de artistas consagrados. Logan (vocal), Tito (MPC, programação de bateria e efeitos), Madu e Santiago (guitarras), J. Mário (baixo) e Rafael (bateria) conseguiram atingir um nível de entrosamento surpreendente para uma banda que começa a se lançar agora no mercado.

Também pudera. No Rabugentos ninguém nasceu ontem. Logan já tocou e cantou em bandas díspares como Slow Death (da qual Santiago também participou), e MC’s HC. Tito acompanhou Gabriel, o Pensador, nos primeiros álbuns, e J. Mário toca na Rio Jazz Orchestra. Só aí já temos uma salada com thrash metal, funk, rap, hip hop e jazz. Mesmo participando de bandas com conceitos estéticos tão diferentes, os meninos aprenderam que o mais importante em tudo isso é a música, e, em plena era da informação, nunca fecharam seus horizontes.

Então não é de se espantar que o leque de influências seja tão amplo. De Funkadelic a Korn; Blink 182 a Originais do Samba; de Prodigy a Lulu Santos; Dee-Lite a Pantera, todos cederam um pouco para enriquecer a alquimia do Rabugentos.

“Tamo Chegando!!!” tem cinco músicas que misturam um pouco de tudo isso. Batidas pré-gravadas de MPC e guitarras saturadas estão presentes em toda a demo, embora tenham mais destaque na faixa-título e em “Rock Star”. Essa, aliás, é um caricato retrato de um músico carreirista, que antes mesmo de produzir alguma coisa, já quer desfrutar das benesses do sucesso.

Essa é uma outra característica marcante no Rabugentos: o deboche com sotaque típico carioca. É assim também em “1×0”, onde um garotão metido a bom de papo acaba saindo com um sutil travesti (a “sereia que era tubarão”), e ainda em “Pára de K.O.”, um quase reggae que escracha com outro playboy que tira onda, mas acaba pagando os maiores micos.

Essas polaroids do dia-a-dia são levadas por quem convive com os tipos caracterizados, e traz, das ruas, um som que não pode receber rótulos simples como rock, pop ou hip hop, mas que, confessamente, engloba todos eles. Os rabugentos estão chegando para mostrar que tudo pode acontecer nesse novo milênio, é pagar pra ver.

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