Fazendo História

System Of a Down
Militância global e sucesso também no Brasil

Matéria que analisava, em primeira mão, o disco “Steal This Album”. Fez parte de uma matéria de capa falando sobre os efeitos da guerra do Iraque no mundo pop. Publicado na Rock Press número 52, de abril de 2003. Foto: Reprodução.

system-of-a-downDepois de ver seu segundo álbum, “Toxicity”, ser eleito como um dos melhores do mundo em 2001 por revistas como as americanas Rolling Stone, Time e Spin, e ter somado mais de 4 milhões de cópias vendidas em todo o mundo, o System Of A Down resolveu dar uma parada para respirar e ganhar fôlego para continuar na ponta de lança do rock mundial. Em 2002, depois que a Toxicity Tour (que incluiu shows lotados no Ozz Fest) acabou, o grupo passou a se dedicar a outros projetos, e preparou um disco com material antigo que deve sair no Brasil em maio.

Engajado politicamente, o vocalista Serj Tankian, por exemplo, se juntou como o guitarrista Tom Morello, ex-Rage Against The Machine e atualmente no Audioslave, para montarem o “Axis of Justice” (www.axisofjustice.org). Não se trata de mais uma super banda, e sim de uma organização política pacifista que, antes do início da guerra, já promovia manifestações, como uma passeta, no sábado anterior ao início do conflito, exigindo que os Estados Unidos respeitassem as resoluções das Nações Unidas.

Na área musical, Serj também se preocupa com o espaço dado na mídia para as novas bandas. Tanto que está tocando sua gravadora, a Serjical Strike (www.serjicalstrike.com), e enquanto pensa em compor material novo para lançar talvez ainda nesse ano, o grupo vasculhou o as gavetas e lançou (lá fora) o álbum “Steel This Album” (literalmente “roube esse álbum”), devidamente disponibilizado Internet. A Rock Press conta pra você (veja box) o que traz de novo o quarteto mais ouvido pelos corredores da CIA e do Pentágono.

“Steal This Album” é quase uma coletânea, com 16 faixas, sendo 11 muito antigas, feitas antes mesmo de a banda assinar contrato com a Columbia, em 1995, e que ficaram de fora do primeiro álbum, e outras cinco que sobraram de “Toxicity”. Serj, entretanto, descarta chamar esse material de sobras de estúdio: “As músicas que não entraram no ‘Toxicity’ são tão boas quanto as que foram gravadas, ou até melhores. Elas só não foram incluídas no disco porque não davam continuidade ao conceito que queríamos passar”, explica o vocalista. Para o guitarrista Daron Malakian, o disco ”é uma ponte entre o ‘Toxicity’ e o nosso próximo álbum, e vai dar uma pista para os fãs para que direção nós estamos indo, musicalmente”. Para Daron, esse não pode ser considerando como o novo disco do SOAD, embora considere as músicas muito boas.

O disco, ao invés de vir numa embalagem especial ou oferecer outros atrativos que não somente a música, não traz sequer um encarte, ou qualquer letra de música ou outra informação adicional. Na capa e na face do CD somente o título do álbum. As informações estão todas dentro do disco, e poderão ser acessadas por computador, ou encontradas no site do grupo. Site aliás que não traz só informações sobre a banda, mas questões políticas sobre o mundo globalizado, de interesse geral. E isso sempre bem atualizado e reformulado constantemente. Não custa dar uma olhada: www.systemofadown.com.

Voltando à militância política, o SOAD já lançou o novo videoclipe para “Boom”, uma música feita na época da Guerra do Golfo, no início dos anos 90, mas cuja letra, que critica duramente os horrores e a crueldade da guerra, do ponto de vista dos inocentes atingidos pelos bombardeios, continua atualíssima. O clipe é dirigido por ninguém menos que Michael Moore, o mesmo do excelente “Tiros em Columbine”, Oscar de melhor documentário.

No filme, a partir do massacre da escola Columbine, quando dois adolescentes metralharam os alunos de uma sala de aula, Moore investiga, com muito bom humor, as origens da fixação dos americanos por armas de fogo. Michael Moore também incomodou os industriais americanos, quando resolveu visitar os dirigentes de empresas que demitiam muitos funcionários, mas fechavam o ano com lucros exponenciais, para saber o porquê.

O clipe, bem nos estilo “câmera no ombro” de Moore, mostra cenas feitas em protestos antiguerra em Los Angeles e outras em mais de 40 cidades em todo o mundo. O vídeo tem ainda trechos de animação em que George Bush, Tony Blair, Saddam Hussein e Osama bin Laden aparecem montados em mísseis em pleno ar.

CONHEÇA AS FAIXAS DE ‘STEAL THIS ALBUM’

soadstealSteal This Album” tem a produção assinada pelo famoso produtor Rick Rubin e pelo guitarrista Daron Malakian, e foi mixado pelo não menos renomado Andy Wallace (Nirvana, Sepultura), a exceção de acústica “Roullett”. Tem participações especiais do percursionista armênio Arto Tuncboyaciyan e da vocalista Camille Pfister, entre outras.

Confira abaixo como são as 16 faixas do álbum que, segundo a gravadora, só chegará às lojas em maio:

1– Chic ‘N’ Stew: Bem no estilo do SOAD, a letra é cantada juntando as sílabas tônicas. A letra é uma crítica simultânea à propaganda, à paranóia consumista e a fast food.

2– Innervision: A introdução é idêntica à de “Roots Bloody Roots”, do Sepultura. A música deve ter sido feita à época do sucesso do disco “Roots”, em 96.

3– Bubbles: Típica música do grupo, deve ser contemporânea de “Prision Song”, que abre o álbum “Toxicity”, com vocais de fundo mais agudos e uma incômoda guitarra minimalista.

4– Boom: Crítica aos bombardeios, à globalização, às grandes corporações americanas e aos altos investimentos em armamentos. Música curta e pesada, cujo clipe já deve estar rolando na MTV.

5- Nüguns: Música mais acessível do grupo, embora tenha certas passagens “orientais”, com a participação do percursionista patrício da banda.

6– A.D.D.: Sigla para american dream denial, é outra música forte, com um recado claro “nós não damos a mínima para o mundo de vocês”. Música pesada e ao mesmo tempo envolvente.

7– Mr. Jack: Começa lenta e vai ganhando peso numa construção dramática que prepara o ouvinte para o clímax, com riffs ultradistorcidos e depois quebrados. Fala de uma violenta batida policial num carro parado numa estrada.

8– I-E-A-I-A-I-O: Embora o vocalista Serj use de novo a junção de sílabas para cantar, essa é uma das músicas mais fáceis do álbum, graças ao refrão, que é o título repetido, como se fosse um canto indígena. Claro que tudo fica pesadíssimo no final.

9– 36 Album: “A vida é desnecessária” fala um dos versos de uma letra que expõe a descartabilidade das pessoas em função da TV. A música alterna momentos acústicos com outros barulhentos, e encerra com um vocal gutural ultra-rápido.

10- Pictures: Com levada marcial, com a caixa da bateria como se fosse um tarol, é uma típica música do SOAD.

11– Highway Song: Música das mais calminhas, é mera figurante no CD.

12– Fuck The System: Numa das letras mais diretas do SOAD, Serj “canta” verdadeiras onomatopéias até chegar o refrão, que repete o título (“foda-se o sistema”) infinitamente.

13– Ego Brain: Lentinha que cita discretamente a guerra, através de metáforas, o que não é convenhamos, o forte do grupo. Tem dedilhados e riffs alternadamente. É o momento lindo do disco.

14– Thetawaves: “Tudo que sobe desce” é a moral da história dessa música, que alerta para os contra ataques à política externa americana. Mas a música é meia boca.

15– Roulette: Música levada ao violão toda acústica, com vozes dobradas e clima romântico.

16 – “Streamline”: Vale pelo criativo e excelente solo semiminimalista que fecha o álbum deixando um gostinho de “quero mais”.

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Comentários enviados

Existem 4 comentários nesse texto.
  1. Rokeirinha em outubro 3, 2011 às 20:12
    #1

    Sem dúvida pra mim o melhor álbum! As músicas são incríveis, a melodia é tudo e os vocais são fodas! Amo demais.

  2. Carol Malakian em outubro 16, 2011 às 21:41
    #2

    Demais! Eles são muito foda!
    Eu os amo pra caralho…
    Como diz o meu amor Daron: eles são demais, caralho!
    Daron Malakian forever!

  3. josias alves em novembro 22, 2011 às 9:39
    #3

    Tive a oportunidade de ver esta grande banda ao vivo aqui em Sampa. Só o local que não foi bom, a Chácara do Joquei, quem já foi lá sabe como é horrível ver show lá. Fora iso um dos melhores show que já vi, System é foda, tô louco para ter o bis \m/

  4. Biriba da Silva em novembro 22, 2011 às 9:58
    #4

    Uau!!! Highway Song é só prara “encher linguiça”??? Puxa, esses meninos são bons mesmo… é uma canção belíssima!

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