Som na Caixa

The Offspring

Rise And Fall, Rage And Grace
(Sony-BMG)

offspringriseCinco anos foi o tempo que o Offspring levou para fazer um novo disco, e depois desse hiato, as novidades mesmo estão na formação, que agora é de um trio formado pelos bons e velhos Dexter Holland (vocal e guitarra), Noodles (Guitara e vocal) e Greg K (baixo e vocal); e no produtor do CD, Bob Rock, que ganhou fama por dar aquela guinada no Metallica com o “Black Album”, em 1991. Talvez banda estivesse precisando mesmo de uma “virada” na carreira – daí a escolha de Bob -, mas não foi, positivamente, isso que aconteceu.

É difícil para uma banda de características tão marcantes como a voz de Dexter e a velocidade de guitarras timbradas da mesma forma, em mais de 20 anos, buscar novos rumos. E parece que o agora trio não está nem aí para isso. O disco começa quase que exatamente com os anteriores, sobre tudo o bem sucedido “Americana” (1998), o clássico “Smash” (1994) ou até “Splinter”, o discreto CD de 2003. A tríade “Half-Turism”/”Trust In You”/“Hammerhead” (esta a quarta faixa) poderia estar confortavelmente em um desses álbuns que não haveria o menor problema. A idéia, no entanto, sugere uma repetição nada aconselhável no mundo da música pop, nesse meio é preciso ser o mesmo e mudar sempre, e talvez aí deveria ter entrado o dedo de Bob Rock

O fato é que a produção do CD não fez o papel de renovação, e sobrou para as músicas a função de cativar o ouvinte por si só. É o que acontece em petardos típicos, sim, mas que revelam um precioso trabalho de composição que mantém viva a chama do poppy punk que o Offspring ajudou a moldar, junto com o Green Day, nos anos 1990. Diferentemente do sócio no sucesso, que renasceu com a ópera punk “American Idiot”, há quatro anos, o Offspring não buscou novos direcionamentos, mas se fincou dentro do seu círculo de referências – e dele próprio.

Quando consegue sacar boas composições, o grupo atinge os melhores momentos do álbum, casos da veloz e empolgante “Trust In You”, a grudenta “Takes Me Nowhere”, feita sob medida para decolar, “Hammerhead”, e “Let’s Hear It For Rock Bottom”, essa sim, com boas variações em trechos diferentes entre si. Mas há, também, verdadeiros tiros n’água: as baladas “Fix You”; “A Lot Like Me”, a única faixa em que a voz de Dexter não soa tão preponderante, há trechos que nem parece ele cantando; a babíssima “Kristy, Are You Doing Ok?”, de gosto duvidoso; ou até a pop e cadenciada “Stuff Is Missed Up”, que tem um lálálá daqueles. Resumo da ópera: sem mudar o que precisava e repetindo fórmulas, o disco é apenas razoável.

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