O Homem Baile

Inspirado, Roger Hodgson revive sucessos que marcaram sua carreira

Conhecido como “a voz do Supertramp”, tecladista fez ontem, no Vivo Rio, show memorável que incluiu até a suíte “Fool’s Overture”.

Aqueles que disseram que Roger Hodgson faria, nessa turnê, um show semelhante o do registrado no DVD “Take The Long Way Home – Live In Montreal”, tiveram uma grata surpresa ontem à noite, no Vivo Rio. Hodgson trouxe para o Brasil um show de banda, com um repertório modificado e ampliado que incluiu mais músicas de sua careira solo e teve um desfecho esplêndido com a inclusão da suíte “Fool’s Overture”, em geral preterida por sua complexidade.

No começo não parecia que seria assim. “Take The Long Way Home” foi a primeira, colada em “Give a Little Bit”, exatamente como era de se esperar. Entre elas, Hodgson sacou uma “cola” gigante onde lia, em português, algumas palavras destinadas ao público. Se enrolou todo, mas mostrou ser também um bom entertainer, roubando risos e aplausos do público, este formado, em geral, por classemedianos bem-sucedidos que rodeavam mesas de restaurante. No teclado, ele puxou “In Jeopardy”, o primeiro grande sucesso da carreira solo, do álbum “In The Eye Of The Storm” de 1984. Durante todo o set, Roger Hodgson se revezou entre ele, um piano de cauda e dois violões.

Em “A Soap Box Opera”, outra incluída no repertório nos últimos temos, Hodgson provou estar com a voz em plena forma, não se furtando em atingir as notas mais altas, numa fiel reprodução (aspecto fundamental para fãs de rock progressivo) da gravação original. O mesmo aconteceria, mais tarde, em “The Logical Song”, cuja entrada do baixista Jesse Siebenberg (filho do baterista do Supertramp) fez toda a diferença. Completaram a banda Aaron MacDonald (sax, harmônica e teclados) e o elegante baterista Bryan Head. Só ficou faltando um guitarrista para a formação que fez ontem apenas o segundo show – o primeiro aconteceu sexta, em Brasília.

Roger Hodgson apelou para o assovio da platéia em “Easy Does It”, e até que funcionou bem, mas os aplausos só começaram a espocar da metade para o final do show. Poucos resistiram a “Breakfast In America”, “Dreamer” e na surpreendente “Child Of Vision”. Inesperado mesmo foi a inclusão, para fechar, de “Fool’s Overture”, anunciada por Hodgson como uma música composta para ser tocada por uma orquestra. E aí coube a Siebenberg e a MacDonald se desdobrarem num laptop e nos teclados, respectivamente, para reproduzir os efeitos originais que incluem ventos rangentes e até o clássico discurso do premiê britânico Winston Churchill – o mesmo que o Iron Maiden usaria mais tarde na introdução de “Aces High”. No fim das contas deu tudo certo e Roger Hodgson proporcionou um daqueles encontros com a história, diretamente do túnel do tempo.

Já estariam todos satisfeitos, mas para completar as inacreditáveis duas horas de show, a banda voltou para duas versões animadíssimas. A primeira, para “School”, que, a despeito da conotação “deprê”, empolgou geral. E, a segunda, para “It’s Raining Again”, com todos de pé, em ritmo de reveillon. Um fechamento brilhante para um show planejado para fazer o público chegar ao êxtase no final, com a certeza de que a boa música não morre jamais.

Roger Hodgson se apresenta hoje em São Paulo, dentro do São Paulo Moto Festival, no Autódromo de Interlagos.

Set list completo:

1- Take the Long Way Home
2- Give a Little Bit
3- In Jeopardy
4- Hide in Your Shell
5- Lovers in The Wind
6- A Soap Box Opera
7- You Make Me Love You
8- Easy Does It
9- Sister Moonshine
10- Breakfast in America
11- Along Came Mary
12- The Logical Song
13- The More I Look
14- Child of Vision
15- Lord Is It Mine
16- Don’t Leave Me Now
17- Dreamer
18- Fool’s Overture
Bis
19- School
20- It’s Raining Again

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