O Homem Baile

Solo, Tarja Turunen, ex-Nightwish, esboça reinício de carreira

Escorada por superbanda, cantora mostra repertório de seu primeiro disco, revive momentos do passado e se emociona com público participativo.

Uma vez “saída” do Nightwish e com um disco solo nas mãos, Tarja Turunen não deu mole: arregaçou as mangas e desandou a tocar mundo afora. A primeira providência foi recrutar músicos de qualidade técnica inquestionável no meio do rock pesado. Na perna sul-americana da turnê, ela reuniu o brasileiro Kiko Loureiro (Angra, guitarra), Doug Wimbish (Living Colour, baixo) e o fabuloso Mike Terrana (Rage, Yngwie Malmsteen, entre outros). A exceção foi o posto de tecladista (não por caso o ponto alto do Nightwish), ocupado pela discreta Maria Ilmoniemi, e a figuração feita pelo violoncelo de Max Lilja. Foi com esse suporte que Tarja encantou o Canecão, ontem, no Rio, fechando a turnê brasileira que passou por São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza e Belo Horizonte.

Escondida por uma cortina branca transparente a misteriosa Tarja começa com as músicas mais lentas de seu disco, “My Winterstorm”, mas já mostra os dotes vocais de soprano na bela “Lost Northern Star”. O show tem a seqüência quebrada pela saída e retorno da cantora, e o primeiro grande momento vem com “Nemo”, o hit que apresentou o Nightwish para o mundo. Antes, “Passion And The Opera”, outra de sua ex-banda, só que de tempos mais antigos, custou a ser reconhecida pelo público, justamente pela ausência dos teclados, escondidos na muralha formada por baixo, guitarra e bateria. O som, no início, estava muito ruim e foi ajustado aos poucos. Tarja troca de roupa (e microfone, que combina com a indumentária) várias vezes; na óbvia “I Walk Alone” aparece com o modelito usado no clipe e na capa do CD – só faltou a neve artificial.

Em toda a apresentação Tarja parece não acreditar que conseguiu superar a saída do Nightwish e está no Brasil de novo, com sua própria banda, e com um espetacular retorno de público, pequeno, mas participativo. Por diversas vezes ela agradece e se emociona de verdade no final. Tarja resgata a sinceridade do rock, obscurecida nos últimos tempos pelas frases e agradecimentos clichês dos profissionais do meio. No final do set, após uma versão violão-violoncelo-voz para “Calling Grace”, fez questão de abraçar cada um dos integrantes de sua banda e por pouco não conteve as lágrimas. Outro momento lindo foi quando tocou, sozinha, no teclado, a sutil “Oasis”.

Os momentos mais animados do set ficaram, no entanto, no meio e lá no final. Depois de um solo de batera excepcional - para dizer o mínimo – uma grande jam session com direito a delírios de guitarra e a baixo tocado com dentes, além de realçar o bom entrosamento entre as feras, parece ter dado um gás no palco. Numa das saídas, Tarja reapareceu saltitante com a veloz “Ciarán’s Well”; “Dead Gardens”, outra do Nightwish, foi emendada a uma versão diferenciada para “Symphony Of Destruction”, do Megadeth, e a inédita “Enough” empolgou ao mostrar que Tarja deve melhorar muito o repertório do segundo CD. “Poison”, de Alice Cooper, foi menos comedida nas inovações e serviu para manter o pique no fechamento do set.

No bis, “Wishmaster” quase derrubou o Canecão, e depois daquele momento lindo no final, quando Tarja disse que o momento mais difícil para ela era terminar o shows, a banda surpreendeu ao voltar para “Over The Hills And Far Away”, de Gary Moore, que, no Nightwish, ganhou contornos “viking” pra lá de festivos. Num típico clima de final de turnê, Kiko Loureiro deu um mosh enquanto os marmanjões pediam que Tarja repetisse a dose. Estão lá esperando até agora.

Set list completo:

1- Boy And The Ghost
2- Lost Northern Star
3- My Little Phoenix
4- Passion And The Opera
5- Sing For Me
6- Nemo
7- I Walk Alone
8- Solo de bateria / Jam session banda
9- Ciarán’s Well
10- Our Great Divide
11- Dead Gardens / Symphony Of Destruction
12- Enough
13- Oasis
14- Poison
Bis
15- Wishmaster
16- Die Alive
17- Calling Grace
Bis
18- Over The Hills And Far Away

Tags desse texto: ,

Comentários enviados

Sem comentários nesse texto.

trackbacks

There is 1 blog linking to this post
  1. Rock em Geral | Marcos Bragatto » Blog Archive » Direto ao ponto

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado