O Homem Baile

Mais de dez anos sem tocar no Rio, Suicidal Tendencies volta com show retrô

Grupo californiano, precursor do crossover, só tocou músicas pré-anos 90, ontem, no Circo Voador.

Antes de pegar carona na onda thrash metal que dominou o metal nos anos 90, o Suicidal Tendencies foi quem primeiro juntou a fúria do hardcore com os riffs pesadões das guitarras do metal. E foi exatamente esse o período que dominou o show de cerca de uma hora e meia, ontem, no Circo Voador, para alegria de uma platéia que não parou de se bater em rodas de pogo, stage diving e body sufing durante todo o show. As duas guitarras estavam afiadas e altíssimas, e o baixista virtuoso nada ficou a dever a Robert Trujillo, cedido ao Metallica há um tempão.

Mas não parecia que seria assim, com “Bring Me Down”, do álbum “Lights, Camera, Revolution”, na abertura. A descrença foi por terra com as excepcionais “War Inside My Head” e “Trip At The Brain”, que começou lentinha, como num despiste, e quase colocaram o Circo abaixo, logo no começo, entre as cinco primeiras. Mike Muir, com seu tradicional posicionamento nas laterais do palco entre as músicas, estava possesso correndo de um lado a outro. Mais velho e pesado, não deixou a peteca cair. Qual um rapper, discursava para o deserto, e chegou a anunciar “I Saw Your Mommy” como uma “música disco gravada por Madonna”, já quase no final do show.

O baixista Steve, apresentado por Muir, tocava num instrumento de seis cordas usando o slap o tempo todo. Nas músicas mais velozes – e não foram poucas – ele simplesmente “batucava” de mão aberta nas cordas. Em “Possessed to Skate” chegou a duelar com os guitarristas, para delírio de muitos skatistas que desde cedo estavam ali fazendo manobras em pequenas rampas montadas no Circo. “Send Me You Money” foi outra em que Steve sobressaiu, mas o show foi mesmo é permeado pelos excepcionais riffs metálicos que consagraram o Suicidal, tocados numa impressionante velocidade e num volume massacrante.

Mike Muir era mesmo o mais animado. Na introdução da excepcional “How Will I Laugh Tomorrow” fez um longo discurso chamando os fãs para o divã que ele cria para si próprio em várias das letras. A música, excepcionalmente longa e cheia de mudanças de andamento, não tirou o pique do show, mas ratificou a intenção de ênfase no período inicial da banda – para o bem ou para o mal. Depois de “Pledge Your Allegiance”, aquela em que as inicias “ST” viram refrão, o grupo deixou o palco por alguns instantes para voltar com um bis matador, com três músicas emendadas, numa velocidade de início de show. Como uma viagem no tempo, o Suicidal entrou e saiu do palco do Circo deixando sua marca. As rodas agradeceram.

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