Rock é Rock Mesmo

O que tínhamos lá não encontramos aqui

Onde foi parar a reportagem e a opinião que estávamos acostumados a ler nas revistas de música? Na internet é que elas não estão. Não mesmo.

Meus amigos, nem tudo que reluz é ouro. Andei lendo por aí, num trabalho sério, um mestrado (ou doutorado) publicado recentemente em livro, que o meio de comunicação mais confiável – e de longe – é o jornal. A boa e velha invenção de Gutemberg ganha disparado de outros formatos, como rádio, TV, revista e, sobretudo, da internet, a maior rede de boatos do mundo. Ou seja, se der no jornal, eis aí uma verdade a absoluta. Não sei, não. Mas acho que é assim. Apesar de todas as mazelas que a gente vê quando se está um pouco mais perto, é admirável a credibilidade conquistada pelo veículo impresso mais lido nesse Brasil varonil.

Digo isso, porque, sabemos todos, as revistas de músicas estão, pouco a pouco, batendo as botas, e por um simples motivo. Porque as pessoas não compram mais revistas. Se não compram, é porque não querem ler o que está escrito lá dentro. Ou, por outra, porque encontram aquilo que está escrito lá dentro, espalhado, “gratuitamente”, na web. Usei as aspas porque sei que custou uma boa grana comprar este computador que eu uso, bem como todos os seus acessórios e a manutenção; e tem ainda a mensalidade do provedor a da empresa da banda larga. Fora isso, é tudo de graça, sim.

Mas falava das revistas de música, e me lembro de um comentário que li numa das comunidades do orkut já há certo tempo, para o qual torci o rosto. Hoje, acho que ele faz sentido. Dizia o carinha que, se o fulano que é fã de uma banda não compra mais o disco dessa banda, por que razão ele iria comprar um revista que fala sobre esse disco/banda? Em outras palavras, se o sujeito baixa um disco inteirinho na internet, tudo o que interessa sobre esse disco ele encontra na web também. O que inclui o conteúdo antes produzido para as tais revistas. Por isso não vende, e elas, as revistas, uma após a outra, acabam.

O que piora a situação das tais revistas de música é que público delas é justamente a classe média, que tem mais condições de acesso à internet, mais antenada, ligada exatamente nesse novo redemoinho pop que se transformou a vida depois da internet e suas conseqüências. Ninguém baixa tanto quanto o adolescente de classe média, fã de rock, que desde que começou a andar tem um computador no colo. É o que acontece, no caso do Brasil, com o rock. Não que exista uma elitização, mas convenhamos que não são as classes mas populares que consomem rock por essas bandas, até pela força e apelo que artistas de qualidade e gosto duvidoso têm junto aos menos favorecidos. Vide o tal Prêmio Multishow, que, voltado para o próprio umbigo, dá medalhas justamente àquilo que promove. E olha que estou falando de um canal por assinatura, hein?

Não sou daqueles, no entanto, que acredita que aquilo que se encontrava uma revista a gente dá de cara aqui na web toda hora. Parte daquele conteúdo, sim, geralmente o mais fugaz, as notícias, fotos e até opiniões, muito embora na internet todas as resenhas e comentários parece ser os mesmos, isso quando não são realmente a mesma coisa, já que, no mundo on line, quase tudo é literalmente copiado e colado. O que sinto falta das revistas é da opinião. Ou, melhor, da opinião de verdade, que praticamente inexiste na internet. Ou, por outra, existe opinião até demais, porque todo mundo, no mundo virtual, se acha capaz de fazer isso ou aquilo. E no meio de tanta opinião, sinto falta daquela que realmente interessa, que tem peso e relevância. Aliás, na internet é quase tudo assim mesmo, tão abundante que a gente nunca sabe o que realmente interessa, e como ficar separando o joio do trigo é um saco e demanda tempo, temo que a maioria acabe ficando com o joio mesmo. E é aí que mora o perigo.

Outra coisa que tenho dificuldade para achar na internet é a reportagem. Há sim, milhões de notícias tão pequenas que a gente pára de ler já no primeiro parágrafo, porque ela se esgota em si própria. Falo da matéria jornalística apurada, confrontada, esmiuçada e interessante de se ler. Texto relativamente longo e atraente, com conteúdo mesmo, não conteúdo utilizado como uma massaroca de informações sem o menor sentido. Na internet, todo mundo quer pagar de entendido e ter opinião sobre tudo. Ir atrás de uma boa reportagem, que é bom, neca de pitibiriba.

Assim como sempre disse que qualquer mané pode ser DJ e se achar “artista”, na internet todo mundo é jornalista e acha que pode sair por aí escrevendo a torto e a direito. Por isso uma outra informação que obtive no tal livro que levantou a importância do jornal junto à sociedade é bem animadora. Segundo ela, os jornais, depois de terem sofrido um grande baque com o advento do mundo on line, têm aumentado a circulação e vendagem nos últimos anos. Justamente por uma questão de credibilidade. E é isso que, no meio musical, estamos perdendo com as revistas e não encontramos aqui, nessa joça virtual. Mas se os jornais estão superando esse obstáculo, por que não as revistas?

Até a próxima e long live rock’n’roll!!!

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