Som na Caixa

Leela

Pequenas Caixas
(Arsenal/Universal). Íntegra da resenha publicada na edição 51 da Revista Zona de Obras - Zaragoza - Espanha.

leelapequenasO quarteto carioca Leela nasceu de uma velha fórmula dentro da música pop, mas que sempre funciona ao soar nova para – sabe-se lá o porquê – esse mundinho masculinizado: o de colocar uma mulher como band líder. A loira fatal Bianca Jhordão (guitarra e vocal) se encarregou de fazer esse papel de forma espontânea e até vocacional, e a coisa deu certo, na letras e no pop rock inspirado no novo rock pós Strokes e Weezer – referência básica para eles.

Neste segundo disco, entretanto, o grupo foi além da receita inicial, expandindo referências e horizontes, até no jeito de compor. Se o primeiro disco resultou de músicas feitas aqui acolá até o momento de gravação, desta feita o grupo se reuniu por pequenos períodos no campo, em um estúdio no Rio de Janeiro, e numa casa em São Paulo, maior metrópole brasileira, para deixar idéias, conceitos e músicas saírem “suando”. O resultado é um conjunto de músicas – 12 no total – que prima pela homogeneidade (a boa produção contribuiu) e que parece acompanhar o rock em movimento em tempos de globalização. Ligados no que acontece nesse mundo, o casal Bianca & Rodrigo Brandão (guitarra) não deixou de adicionar o minimalismo de algumas das bandas que espocaram no Primeiro Mundo, nem o modernismo retrô à anos 80 de outras. Quem ouve “Delirium”, a pungente “6 Horas Sem Desculpas“ e “Garota Espelho” (quase new wave) logo se apercebe disso.

Um dos dois principais calcanhares de Aquiles do Leela sempre foram as letras, que andam, propositalmente, no limiar entre o feminino-banal e o pessoal. Aqui há certa melhora, ligeiramente notada em temas que superam a fase menininha bonita em crise. O que não impede o aparecimento de certas pérolas como “Eu queria ser um bom ator e não ter personalidade”, de “P.S.” e “Se eu e você estamos em guerra, me leve de refém”, de “Refém“. O outro senão é a voz de Bianca, que nestes “Pequenas Caixas” pouco desafina, apresentando melhora substancial, mas que precisa evoluir ainda mais.

Mas no que importa – as músicas -, o Leela vai muito bem, obrigado. Faixas como “Amores Frágeis”, “1 Beijo Pede Bis”, “Amor Barato” e “Pequenas Caixas” garantem um bom disco, que aponta para um passo certamente mais à frente.

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