O Homem Baile

Com repertório ruim, Queensrÿche não consegue engrenar

Em sua terceira vinda ao Rio, grupo de Seattle se perde entre músicas boas e ruins; filosofia de botequim do vocalista não contribui.

Embora tenha conquistado grande sucesso no meio da música pesada, o Queensrÿche tem uma carreira essencialmente irregular, e foi essa irregularidade que maçou o show do grupo, anteontem à noite, no Citibank Hall, no Rio. A alternância de bons e maus momentos só foi superada pelas falas do vocalista Geoff Tate entre as músicas, sempre apostando numa filosofia de botequim que de alguma forma desaguava no tema abordado na letra da música a ser iniciada. Sua voz, no entanto, intacta, é o grande destaque do show, embora ele pouco se movimente no palco, fato raro para um show de heavy metal.

A escolha do repertório talvez tenha sido o erro do grupo. Só para se ter uma idéia, as músicas que abriram e fecharam o show, respectivamente “Best I Can” e “Silent Lucidity”, não chegaram a empolgar o público – bem pequeno, diga-se de passagem. Esta última, embora detentora de um improvável sucesso, não é talhada para as massas. Poucas músicas do álbum “Operation: Mindcrime” (duas!), o único grande disco do Queensrÿche em 27 anos de história, contribuíram para que o show não chegasse a engrenar. Ou, ainda, a ausência de mais covers, dentre os gravados pela banda no álbum mais recente, “Take Cover”, a julgar pela empolgação causada em “Neon Knights”, emprestada do Black Sabbath fase Dio.

Alguns momentos, no entanto, deixaram boa impressão, sobretudo quando os guitarristas Michael Wilton e Mike Stone se aproveitavam de evoluções e solos mais melódicos para se aproximarem da beira do palco. Aconteceu em “The Hands”, “Gonna Get Close To You”, com um belo solo, e na dobradinha “Breaking The Silence”/”Anybody Listening?”. Ou ainda quando alguns hits apareceram, caso da bela “Another Rainy Night (Without You)”, de “Jet City Woman”, cujo simples anúncio foi comemorado como um gol, e na soberba “Eyes Of a Stranger”, que fechou a primeira parte do show em clima de euforia.

O bis que poderia trazer a redenção acabou se dividindo. Se apresentou a obrigatória “Empire”, uma das mais ovacionadas na noite, e a pré-histórica “Take Hold Of The Flame”, pesadíssima, teve como contraponto a fraca “The Lady Wore Black”, salva por um belo solo no final, e a inexplicável e já citada “Silent Lucidity”. Das quase duas horas de show sobrou a ausência de boas músicas e de público, e faltou um pouco mais de animação por parte da banda, além de habilidade em se montar um bom repertório. Fica para a próxima.

Set List competo:

1- Best I Can
2- NM 156
3- Screaming In Digital
4- Hostage
5- The Hands
6- Bridge
7- The Killing Words
8- Another Rainy Night (Without You)
9- Gonna Get Close To You
10- Walk In The Shadows
11- Neon Nights
12- Last Time In Paris
13- Breaking The Silence
14- Anybody Listening?
15- Jet City Woman
16- Eyes Of a Stranger
Bis
17- The Lady Wore Black
18- Empire
19- Take Hold Of The Flame
20- Silent Lucidity

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