O Homem Baile

Improvável, Hard In Rio não reúne público que gênero promete

House Of Lords dominou a noite, que teve mais duas bandas do segundo escalão. Os fãs foram os grandes ausentes; preço do ingresso e organização, os vilões. Fotos: Flavio Hopp/Divulgação.

Como banda de abertura, o House Of Lords se deu bem, e tocou para uma platéia ainda muito animada

Como banda de abertura, o House Of Lords se deu bem, e tocou para uma platéia ainda muito animada

É difícil acreditar num festival que reúne três bandas do segundo escalão do hard rock aconteça no Rio de Janeiro, muito embora a cena local de tenha lá sua força. Pior ainda se o ingresso for pouco convidativo – R$ 170 -, o que acabou fazendo do público a grande ausência da noite. Soma-se a isso os habituais atrasos e o fato de “não haver banda de abertura”, isto é, com cada uma tocando como se seu show fosse o único da noite, e a equação está formada com produto final exposto sob cansaço às cinco da matina.

James Christian & Jim Bell: a duplinha sensação do House Of Lords

James Christian & Jim Bell: a duplinha sensação do House Of Lords

Quem se deu bem com essa história toda foi o House Of Lords, que tocou cedo e fez o melhor show da noite, por conta dos bons riffs do guitarrista Jim Bell, que se destacou em mais da metade do repertório engendrando músicas típicas do hard rock – aquela levada cadenciada, mas como peso necessário ao gênero. A faixa-título do último álbum, “Come to My Kingdown”, por exemplo, chamou a atenção pelo peso e pela levada imposta por Bell. Os quilinhos a mais do vocalista James Christian pouco atrapalharam a performance no palco, já que sua voz está afiadíssima. Outra recente, “I’m Free”, enveredou pelo caminho do rock de arena, mas, desconhecida pelo público, não encontrou eco.

Essa tarefa ficou para hits como “I Wanna Be Loved”, a primeira música do grupo a fazer sucesso, ou na hora da baladaça “Talkin’ ‘Bout Love”, outra das antigas. Mas o público vibrou mesmo com “All The Way to Heaven”, com um belíssimo solo de Jim Bell, e com a bela versão para “Can’t Find My Way Home”, do Blind Faith, que a banda gravou no álbum “Sahara”. A porrada “Slip Of The Tongue” fechou o set, que não teve bis – também, quem mandou incluir solos de guitarra e bateria?

Mike Tramp comandou o White Lion

Mike Tramp comandou o White Lion

O início do show depois das três da manhã não desanimou o White Lion. A chamada com “For Those About To Rock (We Salute You)”, do AC/DC, deu uma acordada no público. O vocalista Mike Tramp, dono da banda, já entra no palco a mil por hora, assim como o tecladista Henning Wanner, que mais parece um animador de platéia quando não está entretido com as teclas. “Hungry” foi a escolhida para a abertura, mas o público só começou a responder os apelos da banda em “Little Fighter”, que tem um refrão de levantar defunto. “Lonely Night”, outra do álbum “Pride”, também teve resposta do público: a música garantiu o melhor momento do show, ainda na primeira parte do repertório. A segunda metade do show encontrou uma platéia visivelmente cansada, que diminuía a cada intervalo, culminando com o bis, no qual Mike Tramp cantou duas músicas praticamente acústicas e uma baladaça que jogaram por terra o que ainda restava de interesse num Circo Voador praticamente deserto.

Danny Vaughn: muito cabelo, muito violão e pouca música boa

Danny Vaughn: muito cabelo, muito violão e pouca música boa

Espremido entre as duas bandas, o Tyketto desperdiçou a chance de roubar a noite para si. A banda é tida como “uma das mais injustiçadas do hard rock”, mas faz parte daquela facção do gênero que usa os violões para subtrair o peso das guitarras. Assim, o vocalista Danny Vaughn, mas preocupado em manter o cabelo escovado do que em cantar, conduziu sua banda a um espetáculo chocho e com pouca empolgação – coisa imprescindível ao hard rock, diga-se. Que injustiça que nada.

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