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Bob Dylan

The Legendary 1965 Press Conference in San Francisco
(ST2)

bobdylanspeaksEm 1965, os repórteres de São Francisco queriam saber o porquê da popularidade de Bob Dylan, e perguntaram isso para o próprio, numa entrevista coletiva. A resposta não chegou ser dada, mesmo quando os tais entrevistadores insistiram questionando se Dylan tinha dificuldades em se ver como um artista popular. Imprensado, foi direto: “O que vocês querem que eu diga?”. O que a crônica musical queria saber há 42 anos ainda não foi encontrado: o porquê de determinado artista fazer tanto sucesso. Hoje, depois da consolidação do termo “pop” e de sua diluição, sabe que artistas viram astros e ponto final. Pode-se até buscar fatores os mais diversos, com marketing, o momento certo, um bom empresário e (até) talento. Mas, no fundo, no fundo, explicação não há.

Dylan, na época com 24 anos, nunca foi afeito a conceder entrevistas, mas depois de começar a tocar guitarra elétrica, ser copiosamente vaiado e virar centro de uma grande polêmica, não teve como escapar dessa coletiva e se virou para não responder quase nada do lhe era perguntado. Numa das passagens, se justifica dizendo que o que escrevem sobre ele é colocado fora do contexto, e acaba gerando interpretações erradas. Mais ou menos o que acontece até hoje. Outras semelhanças entre a coletiva de 1965 e as de hoje estão na grande quantidade de repórteres que não têm a mínima idéia do que se passa e fazem as perguntas mais estapafúrdias, e a dificuldade que aqueles que são do ramo têm para extrair algo de maior valia do entrevistado. No caso de Bob Dylan, tão hábil ao falar quanto é ao escrever, a coisa foi ainda mais difícil. Aqueles repórteres certamente tiveram que rebolar para preencher as páginas dos jornais do dia seguinte.

Os créditos da embalagem dão a esta entrevista um ar de “histórica”, talvez até pelas ilustres presenças de Allen Ginsberg e Bill Graham (não identificados) entre os repórteres, mas a iniciativa de lançá-la comercialmente em DVD se deve principalmente à popularização do formato, visto que não se trata de um documentário, muito menos de um show do cantor, categorias óbvias e que atraem mais compradores. Decerto vai agradar somente a fãs mais dedicados, ou ainda a jornalistas em início e carreira. De qualquer modo, não deixa de ser curioso ver como as coisas funcionavam no pop em 1965, e de como, no frigir dos ovos, quase nada mudou.

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