O Homem Baile

Incubus
Pouco tempo de bola em jogo

Show do ancestral emo peca pela falta de continuidade

A noite encravada no feriadão prometia. Com o show do Incubus agendado com grande antecedência, um bom público compareceu ao Citibank Hall, no Rio, para uma festa que tinha tudo para dar certo, a não ser que a própria banda se encarregasse de estragar tudo. E foi exatamente o que aconteceu. Ou quase isso, porque, na melhor das hipóteses, a performance do Incubus foi cheia de altos e baixos.

O erro já começa na escolha do repertório, que favorece momentos de calmaria e outros mais agitados. Positivamente, uma música como “Nice To Know You” não parece ser a melhor para se iniciar um show de rock, e nem “Wish You Were Here” – a segunda -, apesar desta ter um refrão altamente pop. O pior é que entre elas um intervalo – sabe-se lá para que – dura uma eternidade, fato que se repetiria até o final do set entre boa parte das músicas. O vocalista Brandon Boyd até tenta articular algumas palavras em português, mas o expediente não surte efeito. O show só começa pra valer mesmo é com “Circles”, na qual nota-se com mais clareza a importância do DJ Kilmore no palco. A boa “Anna Molly” se encarrega de fazer a dobradinha que é o primeiro grande momento da noite.

O show depende, então, da participação dos fãs mais fiéis, aqueles que cantam todas as músicas e explodem de emoção ao ouvir metade da primeira nota de cada música. Para sorte do Incubus e do espetáculo em si, eles são numerosos, o que garante muitos pulos e momentos de farta emoção. É o que acontece, por exemplo, em “Redefine”, no hit “Megalomaniac” e na última música do bis, “A Kiss To Send Us Off”. Outras se destacariam pelo toque de virtuose, dado, sobretudo, pelo guitarrista Mike Einzinger e pelo baixista Ben Kenney, caso de “Dig” e de “Sick Sad Little World”, com um solo de baixo daqueles. O patético se faz presente quando Brandon desanda a batucar num atabaque excêntrico: totalmente desnecessário.

Olhando bem, o histórico do Incubus até sugere a tal falta de diálogo entre as diversas partes do show. Afinal a banda vem do hardcore, flertou/influenciou o emo, se transformou numa coisa virtuose – sob influência do Primus – e indigesta – do Faith No More – e ainda assim conquistou um generoso lugar ao sol da música pop. Daí a boa quantidade de fãs no Citibank Hall no show de ontem ter garantido o cachê e a alegria de todos. Porque se a banda dependesse do desempenho no palco para chegar aonde de chegou, a vaca já teria ido para o brejo há muito tempo.

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