Ser banda de abertura nunca foi moleza, e na última quinta o Velvet Revolver provou desse veneno, para o bem ou para o mal. O bom é tocar para um público gigante - que chegaria a 62 mil pessoas durante o show do Aerosmith - e o mal é ter que driblar problemas técnicos sem perder a linha. E nisso o Velvet, mesmo trazendo pesos pesados como três ex-Gunners e um ex-Stone Temple Pilots, suportou tudo o que havia de ruim para se aturar e saiu-se muito bem – nenhum faniquito foi registrado. Tanto que a previsão era de um set de 45 minutos e o quinteto superou uma hora sem maiores problemas.

Isso porque, é bom deixar claro, o vocalista Scott Weiland tem uma performance de palco formidável. Ostentando uma forma física que beira a esqualidez ele se movimenta o tempo todo, com trejeitos que lhe são bem próprios ou mesmo fazendo passos que lembram os tempos áureos de Axl Rose, sem a menor cerimônia ou constrangimento, quando o assunto é Guns N’Roses. Em São Paulo, foram duas músicas do Guns, “It’s So Easy” e “Mr. Brownstone”, e no Rio três e meia - adicionaram “Used To Love Her” e Matt Sorum sugeriu a introdução de “You Could Be Mine” num breve solo de bateria. Além de Weiland, o carisma de Slash, que teve o nome gritado pelo público mais de uma vez (no Rio foi o tempo todo, até pela proximidade, o show foi o Citibank Hall), e solou como nos bons tempos. O baixista Duff McKagan, de seu lado, foi discreto e eficiente, e Matt Sorum mostrou de novo a excelência nas baquetas: tranqüilo, técnico e preciso.

Para o Brasil, além de ter três quintos do Guns tocando clássicos da banda, a vantagem foi ver, antes, músicas que estarão em “Libertad”, o segundo álbum do Velvet, que sai no mês que vem. A abertura do show é logo com “Let It Roll”, e eles tocaram ainda “She Mine”, lenta e arrastada, e “Get Out The Door”, a melhor delas, com um refrão pegajoso na voz de Scott e cheia de backing vocals. Para completar o set, incluíram também duas do Stone Temple Pilots, a ótima “Sex Type Thing”, numa versão bem mais pesada e “Crackerman”. Além de “Use to Love Her”, o show do Rio teve uma desnecessária cover para “Wish You Were Here”, do Pink Floyd, com Slash empunhando uma guitarra double neck. Havia outras músicas legais para se tocar, fossem do Guns ou mesmo do Velvet. “Dirt Little Thing” e “Headspace” são só alguns exemplos, sem falar nas novas, é claro.

Destaques do show foram “Fall to Pieces”, com Slash em seus melhores dias e acordes, a excelente “Do It For The Kids” e “Slither”. O show do Rio teve só uns dez minutos (não havia limite de tempo) e três músicas a mais. A ótima “Superhuman”, com um fraseado de guitarra que funcionou muito bem, e as já citadas “Used To Love Her” e “Wish You Were Here”. A diferença substancial ficou na qualidade do som, que proporcionou até a audição a guitarra de Dave Kushner, coisa impossível no Morumbi, e a igual garra no o palco evidenciada – vale repetir – por um Scott Weiland possesso como nunca. Nos dois shows, entretanto, a banda ficou devendo, sobretudo no Rio, onde a expectativa era de, no mínimo, uma hora e meia de show.

Set list:

São Paulo:

1. Let It Roll
2. Do It For he Kids
3. Sucker Train Blues
4. She Mine
5. Fall To Pieces
6. Crackerman
7. Get Out The Door
8. It’s So Easy
9. Quick Machine
10. Set Me Free
11. Sex Type Machine
12. Brownstone
13. Slither

Rio:

1. Let It Roll
2. Do It For The Kids
3. Sucker Train Blues
4. Superhuman
5. She Mine
6. Fall To Pieces
7. Crackerman
8. Get Out The Door
9. It’s So Easy
10. Sex Type Machine
11. Quick Machine
12. Set Me Free
Bis
13. Wish You Were Here
14. Used To Love Her
Bis
15. Mr. Brownstone
16. Slither

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