O Homem Baile

Edguy arrebata público com um punhado de refrões colantes

Grupo alemão se apresentou pela primeira vez no Rio, ontem, no Claro Hall. Público decepcionou. Fotos: Marcelo Pereira de Souza

Foi a primeira vez da banda alemã no Rio de Janeiro, e o público escasso mostrava que ainda é preciso que eles voltem mais vezes, mesmo porque a empolgação foi geral e auspiciosa. Tobias Sammet, o vocalista prodígio, comandou o público com um carisma de fazer inveja a ícones do gênero, e o show de ontem, no Claro Hall, acabou convencendo, também por um repertório (enxuto, é verdade) dos mais bem selecionados.

Tobias Sammet impressionou pelo carisma

Tobias Sammet impressionou pelo carisma

Uma das especialidades do Edguy é criar refrões colantes, irresistíveis e que fazem até aquele que nunca ouviu a música começar a cantar os versos principais. Imaginem quando tocados ao vivo. Foi assim logo na abertura, com “Catch Of The Century”, cujo título já diz tudo. Foi o suficiente para a animada platéia vir abaixo, e ficar claro que os anos de estrada transformaram aquele grupinho de adolescentes do interior da Alemanha numa banda de arena capaz de levantar multidões. Até na mal encaixada “Sacrifice”, a segunda da noite, e outra com refrão colante, desaguou no desvario do público. A essa altura o som estava perfeito, mas a banda, que se portava bem no palco, com todos fazendo backing vocals, optou por usar teclados pré-gravados e ecos na voz de Tobias, o que puxou o “punch” dos meninos para baixo. Tobias nem precisa desse tipo de artifício, e poderia ele próprio tocar os teclados ou a banda ter trazido um tecladista de apoio.

Tobias Exxel foi simpático com o público e segurou bem os backing vocals

Tobias Exxel foi simpático com o público e segurou bem os backing vocals

O que realça no palco, entretanto, é a postura e a atitude do Edguy, tocando com extrema facilidade e com jeito de banda veterana, mostrando uma evolução sonora – não é só aquele metal melódico épico de outrora – e de bagagem de palco mesmo. Anunciada como “uma canção heavy metal de verdade”, “Babylon” é dessa fase, mas aparece com um peso inédito, e, em determinada altura, leva Dirk Sauer, Tobias Exxel e Jens Ludwig para frente do palco, num dos grandes momentos do set. Até em baladas como “Land Of The Miracle” e a ruim “Save Me” os caras se saem bem, muito por causa dos – de novo – refrões colantes. Mas é nas músicas mais recentes, nas quais andou rolando um namoro firme com o hard rock de raiz, que o Edguy tem ficado bem à vontade. Foi assim em “Fucking With Fire” e na pegajosa “Lavatory Love Machine”, que incluiu aquela tradicional “guerra de gritos” entre os dois lados do público e empolgou geral.

O solo de Felix Bohnke durou quase dez minutos

O solo de Felix Bohnke durou quase dez minutos

A primeira parte do show dura cerca de uma hora e termina com um solo de bateria de Felix Bohnk, que teve uma citação a “Star Wars”. Na volta, o falante Tobias, que anuncia e comenta praticamente todas as músicas, se surpreende com um coro puxado espontaneamente pela platéia em “Superheroes” – até então era ele quem puxava tudo: palmas, pulos, gritos… O final foi com “Tears Of Mandrake”, do álbum que marcou a virada sonora e o amadurecimento da banda. Para o bis Tobias anunciou uma música que não é da banda, e chegou a citar Britney Spears antes da banda iniciar a genial “Avantasia”, do projeto paralelo homônimo do vocalista.

Tobias e Dirk Sauer

Tobias e Dirk Sauer

Em ”King Of Fools”, que encerrou a noite, ele comparou o vazio de reality shows do tipo “Ídolos”, que fabricam artistas que logo desaparecem, e citou como contraponto a longevidade de bandas como o Iron Maiden, há mais de 25 anos na estrada. Foi o fecho formidável, com Exxel e Ludwig tocando em cima da parede de amplificadores, e Tobias ainda possesso, correndo de um lado a outro do palco. Pena que, em relação ao show de sexta, em São Paulo, registrado para um DVD, duas músicas tenham sido limadas: “Mysteria” e “Out Of Controls”. Para a primeira vez na Cidade Maravilhosa, bem que o show poderia ter durado mais que uma hora e meia.

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