Som na Caixa

Trissônicos

Objeto Direto
(Monstro)

trissonicosobjetoSe rock precisa ou não de poesia. Se simplicidade é sinônimo de limitação. Se menos é mais. Dúvidas que pipocam na cabeça de quem ouve o disco de estréia do Trissônicos. De um lado o grupo goiano, integrado por veteranos da cena de lá, apostam no que chamam de simplicidade sonora, e de outro produzem letras que estão longe de serem de facilmente assimiladas, sobretudo nesse tal de rock’n’roll. Não que o grupo caia no concretismo poético de botequim, e nem que venha com aquele punk rock tosco. Mas esteticamente a coisa é por aí.

Musicalmente falando, o rock dos Trissônicos parece identificado com a música alternativa americana nascida na década de 80, moldada nas college radios de lá e proliferada na década seguinte. REM? Tem um pouco. Hüsker Dü? Também. O problema é que por vezes a tal simplicidade defendida pelo trio se confunde com a ausência de novas perspectivas, dando a entender que tem música ali que ainda precisaria se desenvolver um pouco antes de ganhar registro definitivo em num álbum. “Someone Else”, que apesar do título, e como todas no disco, é cantada em português, por exemplo, é uma boa música que merecia um progresso maior em termos de arranjos do que aquele que recebeu. Outra boa é “Tudo Que Eu Posso Quer”, que abre o CD com uma guitarra fixa típica da new wave oitentista. “Meu Esquizofrênico” tem peso e um bom refrão, mas os destaques param por aí.

No fundo, o que falta são boas músicas que peguem o ouvinte de jeito, já que boa parte das treze faixas não apresenta aquele “que” que uma canção de rock deve ter para existir. O disco é todo homogêneo, não que isso seja sinal de ser um trabalho bem aparado e arrumado, mas porque as músicas se assemelham muito umas com as outras. Quando acaba, a sensação é de só uma havia sido escutada naqueles quase quarenta minutos. Não é essa a simplicidade que apetece. Menos, aqui, definitivamente não é mais. E resta a poesia. O que, para o rock, pouco significa.

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