Antes de entrar no mérito do disco em si, é preciso dizer que, convidado para lançar um disco encartado na revista outracoisa, cuja tiragem e distribuição é oito vezes maior que a que teve seu disco de estréia, o bom “Saudades de Minhas Lembranças”, Nervoso optou por fazer uma série de remixes, como o próprio título diz. Ao invés de preparar um trabalho de inéditas, o talentoso música carioca privou um público bem maior de conhecer seu trabalho, apresentando no lugar dele faixas do primeiro disco remixadas das mais diversas formas. Ou seja, quem conhecer Nervoso por este disco terá uma idéia equivocada de seu trabalho. Em suma, um tiro no próprio pé.

Fixando as atenções no disco em si, ele traz gente de destaque no meio da música eletrônica, como o grupo Superágua (“O Mala”), Gerador Zero (“O Bom Veneno”, aqui como “Veneno do Bom”), Artificial (“Clube da Luta”) e até o rapper De Leve (“O Percurso”). Todos refazem as músicas originais jogando por terra todo o conceito desenvolvido por Nervoso, dando ao disco não a cara de seu autor, mas sim a de cada um em cada faixa. Assim, não há unidade alguma, e dificilmente essas músicas, remixadas por tanta gente diferente, serão executadas ao vivo, o que tira completamente a razão de ser do álbum em si.

No fim das contas, com essa “coletânea do nada” Nervoso não aproveitou a oportunidade que teve para angariar público, os autores dos remixes, desconexos, menos ainda, e a outracoisa deve ter amargado um grande encalhe. De parte a parte, um desperdício e tanto.

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