Som na Caixa

Volver

Canções Perdidas Num Canto Qualquer
(Senhor F.)

volvercancoesNão é só no Rio Grande do Sul que tem banda fazendo som à jovem guarda. Recife não vive só de mangue beat. Frases que quebram dois estereótipos e apontam para o primeiro disco do Volver, banda de Recife que bebe generosamente nas fontes da jovem guarda.

Mas não é só. Se a sonoridade é uma “brasa”, as músicas e toda a estética retrô flertam com um conceito até bem atualizado daquilo que um dia se chamou de rock’n’roll. É que para o Volver os tempos das carangas, do “cigarro na boca” e das gatinhas arrumadas para o baile estão de volta – ou talvez nunca tenham ido embora. Afinal “a utopia é um direito”, dizem eles, pouco sérios, em “Muito a Sério”. “Você Que Pediu”, que abre o disco no ritmo das palmas do recreio e com jeito de single, é quase um briefing do que e acha nas onze faixas: aquela empolgação juvenil de embalo em festinha. Já “Não Trate Ele Assim”, cujos teclados lembram uma churrascaria e seus cantores, é mesmo digna de conjuntinhos da época em que o Rei era garoto. Daí talvez venha a inspiração para “Máquina do Tempo”, com aqueles backing vocals à Temptations que se espalham por todo o disco

Latente em todas as músicas há uma alegria da qual o ouvinte de primeira viagem pode até duvidar que exista, mas não há argumentos contra tanta espontaneidade que superem a intuição. Mesmo porque, em épocas de lamentações por amores mal resolvidos (como o de “Charminho”, por exemplo) vale mais a paquera tão bem decantada pelo Volver, onde o desencanto – quando existe - é só um elemento a mais a ser vivido. A ótima “Não Ria de Mim” e “Canção Perdida” – cujo solinho na guitarra lembra Strokes - são outras legais, num disco certinho e bem alinhavado, em música, conceito e, de novo, empolgação.

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