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Killing Joke

XXV Gathering: The Band That Preys Together… Stays Together!
(ST2)

kilingjokethegatheringO contraste entre o sujeito de meia idade que dá a entrevista nos Extras desse DVD em meio a gargalhadas e aquele que passa uma hora e meia no palco com os olhos arregalados e a cara pintada para a guerra é abissal. No palco, Jaz Coleman, apesar das expressões paranóicas de seu personagem, que já dura 25 anos, está muito feliz. É o show de aniversário do Killing Joke, e a banda está ali com três integrantes da formação clássica – o guitarrista Geordie Walker e o baixista Paul Heaven, além de Coleman – para comemorar com os fãs que lotaram o Shepherds Bush Empire, em Londres. Só cabem duas mil pessoas lá, mas isso deixa tudo mais íntimo para uma data dessas.

Coleman é o centro das atenções e vocifera suas profecias como um pregador (ele é sacerdote de uma igreja da Nova Zelândia) com a expressão praticamente inalterada – só ri no início de “Requiem”, a sétima música - enquanto a bateria tribal e os acordes pesados de Geordie levam o público a um transe coletivo. A música do Killing Joke, embora associada ao pós punk inglês, foi o alicerce para o metal de vanguarda dos anos 90, antes mesmo de o Red Hot Chili Peppers ter difundido o tal do funk o metal, que virou alterna metal, depois nu-metal. Vendo esse show com cuidado, dá pra identificar a fonte onde muita gente bebeu, na maioria das vezes sem dar o crédito. Prova disso são os fãs mais jovens da banda, flagrados no meio do público com camisetas de bandas como o Sepultura. Para eles o Killing Joke é metal.

Outra parte do público, de pessoas com mais estrada, se delicia com nada menos que seis músicas das oito do primeiro disco tocadas no set. Numa delas, “Bloodsport”, quando o público mais agita, Coleman ergue um cajado com uma cruz no topo, e a festa fica mais intensa. Outra que agrada muito dessa fase é “The Wait”, ecoando por todo o local. Já do clássico deles, “Night Time”, só o hit “Love Like Blood” marca presença, no bis, entre “Are You Receiving” e “Pandemonium”, faixa título do ótimo disco de 1994. O show é curto, no fim das contas, mas intenso e com um alto grau de interação entre público e banda. E que reafirma um dos grupos mais criativos e seminais de sua geração.

Em quase quarenta minutos de entrevista, nos Extras Jaz Coleman fala de tudo um pouco, sempre deixando escapar um certo grau de loucura. A morte da Princesa Diana, suas experiências como regente de orquestra, vida, morte e religião. E tudo com um bom humor atípico para quem nasceu na Inglaterra. Livre do personagem do Killing Joke, ele próprio pode se exercer como tal.

Nota: os “easter eggs” apontados no encarte não funcionaram.

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