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Eric Clapton Crossroads Guitar Festival
(Warner)

ericclaptoncrossroadsDesde Woodstock que existe festival para tudo no mundo da música. E Eric Clapton resolver fazer o seu, por uma causa nobre. O guitarrista, que durante anos carregou o vício do álcool e cocaína, criou em 97 o “Crossroads Centre Antigua”, um centro de reabilitação para dependentes químicos. Em 2004 realizou a única edição do Crossroads Guitar Festival, em Dallas, Texas, com o objetivo de arrecadar fundos para ela. Olhando assim soa até como uma coisa piegas, mas o festival em si, já pelo elenco, se transformou num evento sem precedentes na história do rock.

O Crossroads é dedicado à guitarra, levando-se em contas as origens musicais de Eric Clapton, que, segundo ele próprio, sentou na frente do computador, fez uma lista de quem ele queria que tocasse e enviou por e-mail. Todos toparam, mesmo porque, quem recusaria um convite para tocar num festival organizado pelo “Deus” da guitarra? Foi assim que se reuniram nomes de diversas tendências da guitarra pelo mundo: B.B. King, Santana, Steve Vai, J.J. Cale, Jonny Lang, Robert Cray, John McLaughlin, Eric Johnson e muitos outros.

Clapton, como dono da festa, toca com vários convidados. Numa das performances, aparece com J.J. Cale tocando “After Midnight”. Ele confessa, nas falas entre as músicas, que prefere às versões do autor, não as que ficaram famosas com as suas gravações. A clássica “Cocaine”, só com a banda de Clapton, aparece numa versão completamente diferente na abertura do primeiro disco. Cale, por sua vez, conta como suas músicas eram recusadas pelas rádios e passaram a ser aceitas nas versões de Clapton. Buddy Guy, Eric Clapton e Jimmie Vaughan - irmão de Steve Ray - se sentam ao lado de B.B. King para uma versão quase acústica, como os blues de raiz, para “Rock Me Baby”. Um James Taylor mais blueseiro que nunca toca “Steamroller” com Joe Walsh, e Robert Cray faz das suas em “Time Makes Two”. Até Steve Vai arranca aplausos da platéia que lotou o Cotton Bowl, solando horrores entre Tony Macalpine, numa outra guitarra, e Billy Sheehan, no baixo – esta era a banda dele na época, que inclusive tocou no Brasil, no final de 2004, com o G3.

Entre os artistas mais novos há que se destacar Doyle Bramhall II, que além de ser da banda de Clapton, mandou a ótima “Green Light Girl” com sua própria banda; o prodígio John Mayer, que dá depoimentos emocionados, nas entrevistas que aparecem nos “Extras”; o eterno garoto Jonny Lang; e Robert Randolfh, que toca sentado, numa mesa, uma guitarra de 16 cordas totalmente modificada. Outro que vai nessa linha é o indiano Vishwa Mohan Bhatt, que usa uma guitarra havaiana adaptada para sua música natal. Vale também anotar que, embora seja um festival de guitarras e guitarristas, os músicos que acompanham as bandas são de uma qualidade formidável. Bateristas, tecladistas e baixistas da primeira linha do blues e do rock mundial. Na apresentação de John McLaughlin, por exemplo, o baterista Chester Thompson, que neste ano tocou no Brasil na banda de Carlos Santana, quase rouba a cena.

Com a própria banda, já no final do evento e do segundo disco, Eric Clapton toca “I Shot The Sheriff” e emenda com uma versão arrasa quarteirão de “Have You Ever Loved a Woman”, de Billy Myles. Depois dele, o ZZ Top finaliza com “La Grange” e “Tush”, emendadas e misturadas, e fecha um final de semana dos sonhos para quem gosta de boa música. Os Extras trazem entrevistas, as apresentações em separado, e – essa é bem legal – só os solos de cada guitarrista em cada música. Há legendas em português.

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