Som na Caixa

Netunos

Alto-mar
(Rastropop)

netunosaltomarA estética surf music sempre foi adotada pelo Netunos – já no nome e nas camisas floridas – como prioridade na banda, ainda que, desde o início, o som deles sempre tivesse (boas) letras. No entanto, olhando com mais atenção as doze músicas desse disco de estréia, que sai dos sonhos do quarteto depois de três anos, dá pra se enxergar muito mais coisa além mar. O Netunos deseja reviver o clima festivo do rock dos nos cinqüenta/sessenta, aquele das festinhas na praia que passavam na “Sessão da Tarde”, incluindo aí o rockabilly, as músicas leves e de conteúdo romântico, as festinhas cheias de garotas com vestidos godê querendo dançar com os rapazes e assim por diante. Só que tudo isso nos dias de hoje, ali, na esquina.

Se isso é possível? Nesse disco, ao menos, o quarteto prova que sim. E se a demora para o lançamento foi ruim, serviu para que o repertório fosse testado, em estúdio, tanto quanto foi, antes, nos shows. Assim, não é ao acaso que “Daniela” e “Praia do Diabo” soam familiar. Quem já não viveu ou ouviu falar de histórias parecidas com essas, tendo ou não uma praia por perto para salgar o corpo? Todo o disco da banda passa assim, com a sensação de que tudo, desde um bater de palmas aqui e um uh-uh acolá, até solos mais identificados com a reverberação inventada por Dick Dale, tem a ver com a gente. Tudo garantido por uma abordagem pop certeira que não pode ser confundida com lugar comum, mas tida como habilidade em se juntar um bom apanhado de canções, desde a música em si até o conceito estético e de conteúdo abraçados pelo Netunos.

Outra vantagem da demora é que a produção saiu bem caprichada. Carlos Alexandre pode apurar sua voz e até arriscar outros artifícios que encorparam as melodias vocais, tudo, claro inspirado nos Beach Boys. Outras músicas legais são “Bem-vindo ao Clube”, “No Mar”, “Dezembro” e “Aloha Pancho”, que resgata o clima spaguetti da surf music de raiz. Mas as demais não ficam atrás, num disco muito bem acabado.

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