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Big Country

Final Fling
(Indie Records)

bigcountryfinalSe existe uma banda subestimada na história do rock, sobretudo no Brasil, ela se chama Big Country. Embora tivesse os primeiros discos lançados por aqui, e até músicas executadas pelas rádios rock nos anos 80, nunca atingiu nenhuma popularidade, apesar do indiscutível valor musical. Por isso é de se admirar que este DVD (duplo) tenha saído por aqui, muito tempo depois da banda deixar de ser lançada, e após o fim, com a trágica morte do líder Stuart Adamson, encontrado morto em circunstâncias não explicadas, em dezembro de 2001.

O primeiro disco traz um show do Big Country na Berlim oriental, em 1988, um ano antes da queda do muro. Foi a primeira vez da banda na Alemanha, que, na época, estava com os três primeiros álbuns lançados. Escalados num horário favorável – o anoitecer – os escoceses proporcionaram um espetáculo de rara beleza e participação do público – cerca de 150 mil pessoas, ainda que este talvez não conhecesse a banda tão bem assim. Fato que só ratifica a força de músicas como “Where The Rose is Sown”, “Wonderland” e “Just a Shadow”, só para citar algumas. Adamson tira acordes incríveis de sua guitarra, escudado pela eficiente cozinha de Tony Butler e Mark Brzezicki, e com um tecladista de apoio para segurar a onda. Na parte final de um set com doze músicas por mais de uma vez a banda teve que parar o espetáculo para ouvir o público cantarolar. “In a Big Country” e “Steeltown” foram outros momentos de emoção pra uma banda num excelente estágio criativo de performance de palco.

O show da turnê que dá nome ao DVD está no segundo disco. É de 2000, e foi gravado em Glasgow, numa casa pequena, fechada e repleta de fãs de longa data. A banda, porém, aparece bem fora de forma, física e musicalmente. O quarteto toca vestido com as típicas saias escocesas, mas mostra sinais de cansaço em quase todas as 22 músicas, incluindo até canções de bandas anteriores dos integrantes. Salvam-se as criativas e clássicas evoluções de guitarra e a inacreditável voz de Adamson, de timbre raro, que parece não ter sofrido a ação do tempo. O detalhe é que nesse repertório o excelente disco de estréia, “The Crossing”, de 83, é tocado quase na íntegra – só duas músicas escapam. O que confirma que esta é a melhor fase deles. De outro lado, o igualmente brilhante “Steeltown”, do ano seguinte, só cedeu ao show duas parcas músicas – “Where The Rose is Sown” e “Come Back To Me”. Nada que tire o mérito de uma banda realmente diferenciada, mesmo nos criativos anos 80.

Nos extras, pequenas cenas da banda fazendo a abertura dos shows dos Stones, em 1995, e de outros shows do mesmo período; fotos e ingressos da turnê de 2000; opiniões de fãs e pessoas de importância na música pop, para se ler na tela, bem como textos de alguns dos integrantes. Mas nada de grande relevância. O DVD vale mesmo é pelos shows.

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