Som na Caixa

Mustang

Tá Tudo Mudando Mas Nem Sempre Pra Melhor
(Monstro)

mustangtatudoFalar do Mustang sem lembrar de seus ancestrais é difícil, mas este já e o terceiro disco, e história é o que não falta. Curiosamente a abertura, aqui, com “Geração Perdida”, é uma porrada típica do Iron Maiden, em que Carlos Lopes (vocal e guitarra) espanta seus demônios junto com os da esquerda brasileira e suas andanças pelo poder. É a única exceção onde predomina mesmo o rock de garagem na sua versão retrô e pré-punk.

As letras, agora todas escritas em bom português, refletem o dia a dia de Carlos, e podem ser cheias de mensagem (“Inferno”, “Febem”) ou mesmo banais como o cotidiano (“Sexo Virtual”, a fraca “Cueca e Meia”, o funk “Cinco Contra Um”). Outro tema recorrente é o dos anais da música pop, como na biográfica “Janis Joplin”. Musicalmente tudo aqui parece mais consolidado também, mesmo que o trio justifique sua existência por uma espontaneidade ímpar, e por vezes até ingênua para quem deixou de ser garoto há muito tempo. O Mustang flerta com blues, rock retrô e muitos, muitos riffs, mas que nem sempre convencem. O de “Janis Joplin”, que cita até Hendrix, por exemplo, se executado com um pouco mais de distorção, faria da música, desbotada, uma porrada e tanto. E isso inclui um solo extraordinário, ofuscado pela simplicidade. Essa indecisão entre o espontâneo e o trabalhado acaba por impedir o progresso natural da banda.

Se comparado com seus antecessores, no entanto, “Ta Tudo Mudando…” mostra vários obstáculos superados. A voz de Carlos Lopes parece já adaptada às músicas, o disco sugere uma homogeneidade antes não observada, e muitas das composições superam as anteriores. As mais legais são “Outro Lugar”, com guitarras à Wishbone Ash, “Rock And Roll City”, “Despertar” e as já citadas “Geração Perdida” e “Janis Joplin”.

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