Rock é Rock Mesmo

Está chegando a hora de Max Cavalera voltar para o Sepultura

O Soulfly lança o melhor disco de sua carreira e o Sepultura não consegue repetir o sucesso de outros tempos? É sinal de que Max precisa volta para o lugar de onde jamais deveria ter saído.

Meus amigos, o tempo passa, o tempo voa, e a Vera Fischer continua muito boa. Parece que foi ontem, mas tem uma pá de coisas que começa a completar dez anos em 2006. Nem sei se 1996 foi um ano de tantos acontecimentos marcantes assim, mas sempre acontece alguma coisa. Quem poderia imagina que, depois de chegar no topo do heavy metal mundial, e de conquistar respeito em toda a música pop planetária, o Sepultura iria se desfazer, e por questões domésticas? Tem gente que até hoje ainda não acredita.

O leitor mais atento já estará a retrucar: “mas isso foi no final do ano”. E foi mesmo. Depois de um 1996 espetacular, no fim do ano a banda trouxe a público os inacreditáveis problemas que tiveram como desfecho a saída de Max Cavalera. Mas eu falava de dez anos, e me referia precisamente ao dia 26 de fevereiro de 1996, uma sexta-feira pós-carnaval pela manhã. Foi nessa data que “Roots”, o derradeiro disco da formação clássica do Sepultura foi lançado no Brasil, por um programa de rock de uma rádio AM em parceria com uma revista de rock independente. E isso tudo furando esquemas montados por uma gravadora e pela então poderosa (hoje já finada) Rádio Cidade.

No início daquele ano o Sepultura fez um pré-lançamento de “Roots” em Londres, e o correspondente da Revista Dynamite lá, Celso Barbieri, recebeu um CD advanced com as músicas que estariam no disco, e de imediato encaminhou para a redação da revista, em São Paulo. De lá, o dono da revista, André Pomba, me enviou o CD para que fizéssemos o lançamento em primeira mão no EP Vanguarda, programa de rádio feito pelas irmãs Andrea e Adriana Cassas, com o qual tínhamos uma parceria. Não satisfeitas em fazer o lançamento, as vivas irmãs Cassas divulgaram o programa para a grande mídia, e na sexta mesmo saiu matéria no Globo e no Jornal do Brasil. Vale dizer que na época a Internet não tinha a moral que tem hoje, não.

Assessores de imprensa de gravadora me ligaram, recebi ameaças de que o Dentel fecharia a rádio, por veiculação de “material pirata”, mas as intrépidas irmãs Cassas bateram o pé e o programa foi ao ar com a íntegra do disco recebido em Londres e com comentários deste escriba. O lançamento furou o programa das seis da tarde na Rádio Cidade, e quando a Monikinha Venerábile foi falar de Sepultura, era tarde demais: “Roots” era de conhecimento público. E pensar que, no mesmo ano, eu faria uma longa entrevista com Max Cavalera, por telefone, que seria a capa da Rock Press número 6, ainda em formão tablóide. E pensar que, em novembro, o Sepultura faria duas apresentações espetaculares no extinto Imperator, no Rio, e lá mesmo Silvio Bibica, na época roadie da banda, me avisara do fim e eu me recusei a acreditar. Quanta coisa acontecia, não?

Disse tudo isso mais por questões saudosistas e de memória, mas o que eu queria falar mesmo é que toda banda de destaque que se separa, um dia volta com a formação dita clássica. Eis a mais pura e singela verdade: um dia Max Cavalera vai voltar a tocar com o Sepultura. Exemplos no passado é que não faltam. E digo mais. Esse dia nunca esteve tão próximo.

Como falei, exemplos é que não faltam. Mas vou me ater simbolicamente a apenas um, e dentro do heavy metal mesmo, para não fugir da área. O Iron Maiden. Quando Bruce Dickinson deixou a banda, em 1993, parecia o fim do mundo. De um lado o próprio Iron numa crise criativa dos diabos. De outro, Bruce fugindo do metal como o diabo da cruz, e sem conseguir fazer um grande álbum sequer. Até que, em 1998, Bruce se juntou ao guitarrista Adrian Smith, que havia deixado o Maiden antes dele, para fazer o álbum em que Bruce mais esteve próximo do Iron Maiden, desde sua a saída da banda, o ótimo “The Chemical Wedding”. Bastou isso para que eu próprio, nas tradicionais previsões de final de ano que fazia no EP Vanguarda (o mesmo programa que lançara o disco do Sepultura) incluísse o retorno de Bruce Dickinson ao Iron Maiden. Simplesmente porque parecia mesmo óbvio. Só não esperava que tudo fosse acontecer tão rápido. No início de 1999 a notícia já circulava, e Bruce e Adrian confirmariam tudo em entrevista coletiva aqui no Rio, por ocasião dos shows que a band deles faria no País.

O exemplo foi, entre tantos, pinçado a dedo porque passei o Carnaval escutando “Dark Ages”, o último disco do Soulfly, a banda/projeto solo de Max Cavalera. E, acreditem, trata-se de um discaço, de longe o melhor da banda. E, melhor, é o disco que mais aproxima Max de sua ex-banda. Não que se trate de uma mera cópia, repetição, ou um “back to basics” clichê. Mas porque traz de volta um Max revigorado como nunca se viu, com rumo, e, de novo, querendo se colocar na vanguarda mundial da música pesada. Justamente onde estava o Sepultura quando ele saiu. Ao mesmo tempo, o Sepultura, de seu lado, sem Max nunca lançou um álbum formidável e hoje está praticamente esfacelado. Mesmo com “Dante XXI”, um disco recém lançado, Andreas Kisser vive por aí tocando guitarra com todo mundo para pagar as contas; Igor pediu licença e nem vai participar de uma provável turnê européia; Derrick Green e Paulo Jr… Esses não contam mesmo. Nem vou entrar no mérito da série de boatos que surgem envolvendo questões conjugais dos integrantes, senão isso aqui vira o TV Fama, e eu não sou o Nelson Rubens.

O fato é que, sim, meus amigos, está na hora de Max Cavalera voltar para o Sepultura. Sabe aquele papo de esquecer as desavenças do passado, reviver os bons tempos e ainda faturar uma boa grana? É por aí que Glória Cavalera, esposa e chefona dos negócios do Max, deve começar. Se for o caso, pode até pedir a ajuda de Sharon Osbourne, esposa e chefona dos negócios do Ozzy, que ano após ano faz propostas tentadoras para que o Sepultura toque com Max no Ozzfest. Porque, repito, está na hora de Max Cavalera voltar para o Sepultura. E todo mundo, à reboque, voltar a ser feliz. Tá feita a previsão. Depois não digam que eu não falei nada.

Até a próxima, e long live rock’n’roll!!!

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