Esta banda é de Natal e apareceu para o cenário nacional numa das edições do festival Mada, em 2003. Na época, eles tinham já um disco meio demo meio oficial que chamou a atenção dos jornalistas que foram lá pra cima cobrir o evento.

Agora o Jane chega pela porta da frente do mercado fonográfico nacional, com um trabalho mais bem produzido, embora calcado nas mesmas referências/influências encontradas já anteriormente. Eles fazem uma espécie de nu-metal com sotaque pop que dota as músicas de uma vocação pop extraordinária. Acordes e evoluções de guitarra chicletudos convivem com riffs pesados e vocais gritados ao limite da garganta, sem que isso soe como forçação de barra ou cópia barata de clichês do gênero que não sai das FMs. Em relação ao disco anterior, o grupo refez duas músicas, “Gatos e Cães” e “Homens São Feios”, não por acaso, duas das melhores daquele período. Se soa repetição, ao mesmo tempo abre o leque para que mais pessoas ouçam, uma vez que, a tiragem limitada e a pífia distribuição de outrora parecem ter sido superadas. Outras grandes composições se destacam também, como “Até Ficarmos Bem”, com show do vocalista Rodrigo BS, a nervosa “Estrupo”, e a suave “Eixo do Tempo”.

Se essa alquimia sonora já não fosse suficiente, as letras também fogem do lugar comum ao investir em verdadeiras fábulas do cotidiano, fotografadas com um olhar bem próprio. Em “Saliva”, por exemplo, o desejo se supera e vai até o tártaro e os micróbios trocados num beijo; em “Homens São Feios”, descobre-se que “pra plantar o mal e vê-lo crescer basta por um homem no poder”; e que “o hino nacional será doença venérea”, em “Insônia”. O disco traz ainda um belo videoclipe para “Granizo”.

Como o Jane Fonda já é uma banda com certo reconhecimento no Nordeste, só resta agora se mostrar para o resto do Brasil e contrariar a postulação do título. Aí, sim, esses dias irão para a história.

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