Som na Caixa

Cream

Royal Albert Hall
London May 2-3-5-6 2005
(Warner)

creamlive05Trinta e seis anos é um tempo considerável, mas pode ser até pouco, se você é o mais novo numa banda e acabou de completar 60. Esse é o caso de Eric Clapton, e foi esse o tempo que ele levou para reunir o Cream, um dos primeiros power trio da história, para fazer alguns shows no lendário Royal Albert Hall, em Londres, e outros poucos em Nova Iorque. Os quatro shows de Londres foram gravados e estão neste álbum duplo, desde já histórico.

Por incrível que pareça os três juntos ainda funcionam muito bem. Descontando-se a nitidez da gravação, se no encarte viesse escrito que o disco foi feito nos áureos e psicodélicos anos 60, convenceria facilmente o mais atento dos fãs. Até a fonte em que eles bebiam na época (o bom e velho blues americano que Clapton pegou para ele) aparece bem representado, como no clássico “Spoonful”, de Willie Dixon e em “Stormy Monday”, de T-Bone Walker, entre outras. Mas são nas músicas próprias que o trio ainda mostra a desenvoltura da época, com riffs precisos, acompanhamento discreto de bateria e um som de baixo que parece que ninguém jamais tirou, senão o próprio Jack Bruce. Se fisicamente, a julgar pelo som produzido pelo trio – incluindo o solo de bateria de Ginger Baker, 65 – não houve problemas, a maltratada voz de Clapton também segura, e bem, a onda. O repertório aposta num clímax que parece nunca chegar, mas ele vem e arrebata a todos. Como virar a costas para músicas do naipe de “Crossroads”, “White Room” e “Sunshine Of Your Love”, tocadas quase em seqüência?

Além de saciar os fãs de longa data, este registro serve também para botar certos pingos nos is e mostrar para muita gente que o significado do termo “power trio” não se aplica a qualquer formação com três integrantes. Ele não está no “trio”, mas no “power”. E o Cream continua sendo a prova viva disso.

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