Som na Caixa

Wilco

Kicking Television: Live In Chicago
(Warner)

wilcokickingAdorado no meio indie por ter feito de um disco rejeitado por uma gravadora um grande sucesso, via Internet, o Wilco se divide basicamente em duas bandas. Uma é aquela de estúdio, onde a busca pela perfeição e a gravação low-fi (um must no meio) dão a tônica. A outra é a banda tocando no palco, onde quase se transforma, sem exageros, num grupo de arena à Bon Jovi. É que o sexteto toca com tanta empolgação e de forma tão viril, que é difícil de acreditar naqueles climas frios e tristes que em geral aparecem nos álbuns de carreira.

Por isso este disco (duplo), gravado na terra natal deles, vale como se fosse toda a discografia da banda, muito embora um terço das músicas seja do último álbum, “A Ghost is Born”. Apesar da voz de Jeff Tweedy soar minúscula e deprimida como nos discos, os músicos (incluindo o próprio Tweedy) se excedem em evoluções, arranjos e solos de arrebatar. Isso muda completamente a sonoridade da banda, que ganha ares de artista de country rock, e não do alardeado alt country, subgênero emblematizado pelo Wilco. Muito disso se deve ao fato de a banda tocar com dois teclados (que não fazem só figuração), mas, e sobretudo, pela performance do guitarrista Nels Cline, que aplica solos de fazer lembrar o mestre Neil Young. Às vezes, ele duela brilhantemente com Tweedy.

Esses momentos de puro rock estão, por exemplo, na calma “Handshake Drugs”, em “Spiders (Kidsmoke)”, na firme “At Least That’s What You Said”, que inclui um show particular (não é solo) do baterista Glenn Kotche, ou ainda na faixa-título, um rockaço e tanto. Há obviamente trechos mais calmos, mas resta saber se o Wilco, após essa experiência do disco ao vivo, fruto da maior turnê que a banda fez em toda a sua existência, vai mudar algo, ainda mais no próximo álbum de estúdio, já em processo de composição. De qualquer forma, quem gostou do recente show que a banda fez no Brasil deve comprar este disco. Quem perdeu, mais ainda.

Tags desse texto:

Comentário

Seja o primeiro a comentar!

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado