Som na Caixa

Jota Quest

Até Onde Vai
(Sony-BMG)

jotaquestateDesde que surgiu como banda independente e foi levado ao sucesso por uma grande gravadora, o Jota Quest sempre teve como proposta a mistura do funkão à anos 70 com o pop rock que é sempre a porta de entrada para novos grupos. O diabo é que a banda enveredou para um pop insosso e às vezes até influenciado pela nova mpb de Nando Reis e companhia - o ex-Titãs aparece com uma só dele aqui também. Soma-se a isso uma exagerada exposição na mídia e músicas tocando sem parar no rádio e tava feito o estrago: sucesso popular derrotando a qualidade do trabalho e atraindo o desdém da crônica musical.

Neste quinto disco (descontando um ao vivo), o grupo parece se emendar, já na abertura, com “Libere a Mente”, um funkão arrebenta assoalho que conta com a preciosa participação do rapper mineiro Evandro MC. “Sunshine em Ipanema” segue a mesma linha, e outras que sinalizam que a banda finalmente entrou nos eixos são “Vou a Pé”, “É Rir Pra Não Chorar” e “O Sol”.

Mas aí é só ligar o rádio e ouvir “Além do Horizonte”, regravação do Rei Roberto Carlos, sendo tocada como música de trabalho. Não era necessário o expediente apelativo, uma vez que há outras faixas com potencial radiofônico, e que mantém o Jota Quest fiel às suas propostas – ao menos como a banda se apresentava antes da massificação. “Absurdo”, com letra de Lulu Santos, a balada cool “Celebração do Inútil Desejo” e “Não Dá”, aquela mesmo do Nando Reis, são bons exemplos.

A idéia que se tem é existem dois Jota Quest. Um é aquele que faz do pop cama para as experimentações com funk, soul, groove e outras derivações da música negra. O outro segue fórmulas para se manter firme no dial, garantindo assim o necessário saldo bancário. A única coisa comum as duas facetas é a voz de Rogério Flausino, que, honra seja feita, ninguém agüenta mais

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